2008-12-16

"PORTO DIZ ADEUS À ÓPERA"





Antes de mais: não estou mandatado por ninguém, nem me atrevo a tentar, sequer, substituir quem é muito mais capaz e tem muito mais - perdão: tem todo! - o direito de puxar pelos pergaminhos. Em resumo: não escrevo em nome de ninguém.
Mas acho que a minha inteligência e a de todos os portuenses, principalmente os que apreciam a boa música e não alinham em pimbalhadas de carreira, ainda que adornadas com ágatas. Mesmo que haja padres a fazer borga. E a minha inteligência, que é por ela que falo, não merece ser insultada, de tão pequenina que é.
O "Jornal de Notícias", na sua edição de 16 de Dezembro de 2008, na sua página de Cultura, insere o título que acima transcrevi. A notícia, que pode e merece ser lida, resume-se em maia-dúzia de palavras: o ministério da cultura (?) recusou, ao Círculo Portuense de Ópera (CPO), um subsídio anual de 250 mil euros.Essa recusa de verbas impediu o CPO de realizar DOIS espetáculos de ópera, em 2008. De acordo com fonte governamental, esse apoio foi atribuído à Casa da Música (CdM), e "já contempla verbas para a ópera", adiantou ao JN o gabinete de comunicação.
Salvo o muito e devido respeito por melhor opinião, a fonte do MC não se limita a estar inquinada; ela jorra mentira atrás de mentira.
Quem não tem a memória muito curta (e os macrocéfalos lisboetas acham que, no Porto, a memória é inexistente) há-de lembrar-se de que, quando foi inaugurada a CdM, houve grande celeuma. Mais: alguma comunicação social denunciou o enorme fiasco que foi fazerem a CdM sem um fosso para orquestra, sem um palco devidamente dimensionado, e sem poço para cenários. O que, desde logo, inviabilizava todo e qualquer espectáculo de ópera.
Que não, berraram as virgens ofendidas; a CdM não foi construída a pensar em ópera. Eu repito: não foi construída a pensar em ópera. Ou seja, ópera não é música. "O bacalhau quer alho" é, provavelmente, música erudita...
Então, não está vocacionada, mas retira-se o subsídio a uma entidade que tem mostrado grande valor em espectáculos operáticos (sou suspeito, já aviso; é que eu faço parte do Coro) e entrega-se esse dinheiro a uma entidade que não está vocacionada nem tem condições... para que essa entidade faça ópera???? Considera-se a CdM uma "estrutura capaz" de produzir ópera????
No fundo, eu compreendo: as eleições aproximam-se. A cultura não dá, nunca deu, votos. Quem quer votos, aposta no futebol ou na religião. Católica, de preferência. Por isso é que até houve um ministro (ou seria secretário de estado?) que gostava de ouvir os concertos para violino de Chopin (!), tal é o cuidado com que escolhem os responsáveis pelo pelouro (eu ia escrever "poleiro", mas emendei a tempo). O desgraçado do Frederic deve der andado às voltas no túmulo, a tentar lembrar-se de quando terá escrito os "concertos para violino"...
Se fosse um padre ou um vendedor de pneus usados a dirigir o CPO, outro galo cantaria...
Mas é tudo uma quastão de tentar.

2 comentários:

dor@ disse...

Gostei de ver: hoje estas particularmente ferino.

E te acompanho no côro dos indignados. Um absurdo o que estão fazendo com a cultura, aí...

Mas não pense que aqui é diferente, não. Futebol, religião, carnaval ( a pior de todas as desgraças)

tambem são prioridades do governo ignorante daqui. Há quem goste...

E quem não gosta, alinha no bloco dos indignados sem resposta.Porque falamos sozinhos, num pais

onde a ignorância predomina.A começar pelo presidente, que nem ocupando o cargo que ocupa, se

interessou para, pelo menos, aprender portugues.Se orgulha de ter chegado onde chegou sem estudo...

fazer o que, né? Há exemplos, e "exemplos"...ele é o nosso. Merecemos...


Dora, do Brasil, tão indignada quantos os portuenses.

dor@ disse...

Gostei de ver: hoje estas particularmente ferino.

E te acompanho no côro dos indignados. Um absurdo o que estão fazendo com a cultura, aí...

Mas não pense que aqui é diferente, não. Futebol, religião, carnaval ( a pior de todas as desgraças)

tambem são prioridades do governo ignorante daqui. Há quem goste...

E quem não gosta, alinha no bloco dos indignados sem resposta.Porque falamos sozinhos, num pais

onde a ignorância predomina.A começar pelo presidente, que nem ocupando o cargo que ocupa, se

interessou para, pelo menos, aprender portugues.Se orgulha de ter chegado onde chegou sem estudo...

fazer o que, né? Há exemplos, e "exemplos"...ele é o nosso. Merecemos...


Dora, do Brasil, tão indignada quanto os portuenses.