2009-02-18

O 112 DOS COMPUTADORES

Há tempos, "passeando" pela 'net', deparei-me com um anúncio duma "Clínica Informática". Oferecia serviços a preços aliciantes, com a vantagem de se deslocar a casa... A esmola parecia grande e eu, como pobre que me prezo de ser, desconfiei. Mas, pelo sim pelo não, sempre fui guardando o endereço da tal "Clínica". Até que um dia o meu PC resolveu entrar em conflito comigo. Provavelmente sabendo que eu era (e continuo a ser, graças ao senhor) uma nulidade informática, resolveu fazer birras. E eu resolvi chamar o "médico". Liguei à "Clínica Informática", declinei os sintomas que a máquina apresentava e passado algum tempo tinha um técnico a bater-me à porta. Desmonta máquina, mexe aqui, aparafusa acolá, e eis o PC novinho em folha. Preço? Uma agradável surpresa, juro. Condições prévias (impostas pela RG Clínica Informática): ZERO euros pela deslocação; tabela de preços pré-estabelecida (no site www.ricardogavinho.pt), MAS se o serviço não ficar feito, não paga nada; e os preços são os que são, independentemente do tempo que o técnico demorar. Não há muito tempo, o técnico passou uma tarde inteira em minha casa (não exigiu lanche, o que é uma mais-valia) às voltas com uma asneira informática que eu fiz, e o preço foi o estabelecido. Nem mais um "tusto".
Falta ainda falar da "assistência remota". Virgem Maria santíssima!!! Então não é que o técnico, sem sair da oficina, conseguiu instalar uma impressora cujo software se recusava, terminantemente, a colaborar?
Falando a sério (e não estive a brincar): não é fácil, nos dias de hoje, encontrar este tipo de serviços e a este preço. Nem este blogue está vocacionado para dizer bem seja do que for ou de quem for. Mas há excepções, e esta é de registar.

D. SARAIVA E OS "ANORMAIS"

Ontem à noite 2009/02/17, o cardeal Saraiva Martins declarou, na Figueira da Foz, que a homossexualidade não é normal. Não discuto esse assunto com sua excelência reverendíssima. Estou certo de que sabe, acerca disso, infinitamente mais do que eu. Tem obrigação disso, aliás. De acordo com notícias que têm vindo a lume, estará mais próximo do que eu de casos que envolvem homossexualidade e pedofilia. Mas noto um ligeiro avanço das posições da Igreja: já não disse que ser homossexual é uma opção... Apenas foi dizendo que é uma "anormalidade". Será...
Mas o cardeal vai mais longe ao dizer que Deus criou homem e mulher e que, portanto, assim é que as coisas serão normais. Lindo. E como todos sabemos que tudo o que a a Bíblia diz está cientificamente comprovado, não há que duvidar. Aliás, de vez em quando encontram-se pessoas com aspecto de terracota, prova inequívoca da sua origem: o barro. Só que o senhor cardeal não criou Adão e Eva defeituosos, com cancro, etc. E todos sabemos de crianças que nascem defeituosas, com tumores cerebrais e com outras doenças. Serão, também, "anormais"? Deveremos discriminá-las?
O cardeal estava particularmente inspirado, ontem. Pois até «defendeu como situação "ideal" uma colaboração sincera entre a Igreja e o Estado "na formulação de certas leis", como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo.» "na 'mouche'! Eu acho que esse tipo de saudosismo dum passado ainda muito recente só lhe fica bem. Ai, os bons tempos em que Salazar não legislava sem ouvir o seu particular amigo Cerejeira... Mas olhe, senhor cardeal, esses tempos já lá vão. Talvez um dia voltem, sei lá... Provavelmente essa "colaboração sincera" signifique que os diversos estados também tenham uma palavra a dizer nas decisões da Igreja. Sim, porque a Igreja também faz as suas leis, não é verdade? e os estados são chamados a colaborar? Ou a colaboração entre a Igreja e o Estado é só quando interessa à igreja?
Já agora, eu pergunto: será que a (provável) lei que aceita o casamento homossexual vai obrigar a Igreja a celebrar esses casamentos? Certamente que não! Então, a Igreja tem toda a liberdade para NÃO celebrar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Se o Estado quiser fazê-lo, o que tem a Igreja a ver com isso?
Já agora, uma outra pergunta: será que os/as homossexuais são todos ateus? Olhe que não, senhor cardeal, olhe que não. Há muitos que são católicos.
Isso, senhor cardeal, ser homossexual e católico, é que não é normal.

2009-02-16

A MORTE DA ALMA


Cidade do Vaticano, 15 Fev. (EFE).- O papa Bento XVI incentivou hoje os fiéis, em seu discurso prévio à oração do Angelus dominical, a confessarem seus pecados, porque, caso contrário, ocorre “a morte da alma” . (Leia mais)
(in Diário Ateísta).

Este rapaz não consegue parar de me surpreender. Pela positiva, entenda-se. Eu sei que ele se esforça, mas não consegue. Surpreende-me, pronto.
Eu sempre estive convencido de que a alma era imortal. Aliás, só assim se compreende que quando alguém morre "em pecado", seja lá isso o que for, a respectiva
alma vá malhar com os ossos no inferno. Isto, claro, na hipótese, meramente académica e completamente absurda, de a alma (seja lá isso o que for, também) ter ossos.
Ora, eu sou pecador. Ponto final. Não me confesso, porque não reconheço, a um gajo que não conheço de lado nenhum, o direito de partilhar os meus segredos mais pecaminosos. Que são os melhores, e o rapaz podia deixar-se cair em tentação. Portanto, e na opinião do Joseph Ratzinger, por alcunha "O Papa" ou "O Bento 16", a minha alma vai morrer. O que me dá uma certa alegria, porque estou safo de ir para o inferno. A alma morre e os mortos não vão para lado nenhum.

Claro que também me dá um problema: se eu morro e a alma também, vão ser precisos dois caixões... Os meus amigos dizem que eu tenho uma alma muito grande. Não deve caber no caixão, juntamente comigo...

2009-02-09

A RAZÃO E O FANATISMO

Há alturas em que a Razão (assim mesmo, com R maiúsculo) consegue vencer o fanatismo. Principalmente quando esse fanatismo é ornamentado com espinhos de hipocrisia.
Joseph Ratzinguer, por alcunha "O Bento XVI", mexeu os cordelinhos e, mancomunado com o pio Berlusconi, quase conseguia evitar aquilo que a Razão aconselhava: que a jovem Eluana Engaro fosse desligada da máquina que a mantinha artificialmente viva. Esquecendo-se propositadamente das vidas que a "santa" Inquisição ceifou, o pastor alemão clamou pelo direito à vida de uma mulher que, durante 17 anos, não soube o que era isso: viver.
Afinal, o tormento dos familiares terminou: Eluana faleceu hoje.
Quase acredito que, afinal, Deus existe...
Reblog this post [with Zemanta]

PREMONIÇÕES...

Karl MarxImage by Álvaro Herraiz via Flickr

Mão amiga - muito amiga - enviou-me uma mensagem electrónica. Limito-me a copiá-la e a colá-la.
O resto é com os leitores.

Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até

que se torne insuportável.

O débito não pago, levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado".

Karl Marx,


Das Kapital, 1867



(qualquer semelhança não é mera coincidência)


Reblog this post [with Zemanta]

2009-02-07

QUEM INVENTOU O MAL?

Antes de mais: o que é o Mal?

Qualquer crente lhe dirá que o Mal, ou "pecado", mais não é do que a desobediência às leis de Deus. E que esse Mal só pode ter sido inventado por Satanás, pois ele é que é o "pai" de todos os males. Isto porque de Deus só saem coisas boas. O que pode levar a concluir que, de calhar, foi Satanás, quem inventou o Inferno, mas isso é outra conversa.

Numa versão mais secular, poderemos dizer que o Mal, também considerado "crime" ou "infracção", é a desobediência às leis do Estado. Só que, aqui, não há nenhum diabinho a tentar…

Antes de 1974, o adultério era considerado crime; e o marido, se encontrasse a mulher em flagrante delito de adultério, poderia matar ambos, incorrendo numa pena simbólica de exílio… para outra comarca. O "25 de Abril" eliminou essa aberração machista e misógina, e o adultério deixou de ser crime. O que nos leva, fatalmente, a esta conclusão: um acto só é considerado crime se houver uma lei anterior que o defina como tal. Por outras palavras: quem "inventa" os crimes é o legislador. Daí o não se compreender que Deus tenha ficado tão irritado com Caim, por ter matado Abel. Ainda não era proibido, pois a lei foi dada a Moisés muitos anos depois. Antes da cena do Sinai, tudo era permitido, era um forrobodó indecente, pois não havia rei nem roque.

Deus, para os crentes, é o legislador supremo. E enquanto a lei terrena, no caso de Portugal, por exemplo, o adultério deixou de ser crime, na lei de Deus continua a sê-lo. O que dá uma certa margem de manobra a quem é ateu… Ou seja, se quem faz as leis é que decide o que é crime ou pecado, parece não haver dúvidas que o Mal é inventado por quem faz as leis.

Seja doutor ou deus.