2013-01-31

Corrupção?????

A comunicação social refere Mariano Rajoy como estando envolvido num caso de corrupção.
Façam-se um favor: falem-me de padres corruptos, de polícias corruptos, de médicos corruptos enfim, falem do que quiserem corrupto. Mas, por favor: não me falem de políticos corruptos.
Detesto pleonasmos.

2013-01-05

Um caso de bur(r)ocracia

Fatiade Salame é um nome fictício, que atribuo a uma pessoa que existe mesmo. Conheço-a e trato-a por tu.
Veio da Guiné-Bissau com um passaporte no bolso e um sonho na mente: aliviar a  miséria em que se encontrava.
Fatiade Salame encontrou emprego na construção civil, onde se afincou durante uma temporada. Depois, a firma viu-se na contingência de dispensar pessoal. Fatiade Salame foi dos primeiros a ser dispensado, por ser dos mais modernos. De repente, Fatade Salame viu-se na rua, sem direito a subsídio de desemprego, por o patrão não ter procedido aos devidos descontos. No bolso, continuava o passaporte, já devidamente caducado.
Fatiade Salame começou a sobreviver graças à solidariedade que é paradigma das gentes africanas. Mas continuou a procurar emprego.
Um dia, teve um mau encontro com a Polícia de Segurança Pública que, numa acção de rotina, verificou que Fatiade se encontrava em situação ilegal. Remeteu-se o caso para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que advertiu Fatiade Salame: tinha de arranjar emprego, não podia continuar naquela situação. Mas não é fácil arranjar emprego quando alguém se encontra em situação ilegal: "Vá ao SEF pedir uma autorização de residência, só assim lhe posso dar emprego. Empregar ilegais é punível por lei". Fatiade foi ao SEF: "Arranje emprego, que nós damos-lhe a autorização de residência". Cena que se repete com frequência.
Não é estória, é verdade. Fatiade Salame sente-se uma bola de ténis, a levar pancada nos dois lados da rede. Sobrevive a expensas de uma irmã, que ganha menos que o ordenado mínimo (sim, isso é possível) e que tem quatro filhos a quem dar de comer.
Portugal, século XXI, com burocracia do século XIX. Troca de símbolos, apenas...