2010-08-29

O PAPA REZA...

"Passeando" pelos jornais televisivos, deparo-me com a notícia, a correr em rodapé, de que "Bento XVI reza constantemente pelos mineiros do Chile (o sublinhado constantemente não é meu)".

Desde logo, não está provado que as rezas possam servir para alguma coisa. Se servissem, certamente que nada teria acontecido aos mineiros, pois as famílias também devem rezar constantemente para que nada lhes aconteça. Além disso, tudo quanto é gente está empenhada em tirar os mineiros da dramática situação em que se encontram. Fundamentalmente, estão empenhados em dar-lhes, enquanto durar esta situação, as melhores condições possíveis, evitando a entrada em depressão, tentando mantê-los ocupados, enfim, descrever as preocupações das diversas autoridades seria um exercício redundante, já que os leitores certamente acompanharão o desenrolar da situação. De qualquer modo, onde eu quero chegar é a este ponto: as autoridades não estão a procurar a solução do problema nas mãos de uma qualquer divindade. Ou seja, eles não confiam em deuses para resolver os problemas. Provavelmente confiaram, ao não acautelar as devidas condições de segurança (respiros com escadas, por exemplo); se o fizeram, o resultado está à vista. Depois, acresce outra questão: onde estava Deus quando se deu a derrocada?
Mas a questão principal até nem é essa. "Bento XVI reza constantemente pelos mineiros do Chile". Muito bem, se calhar é a sua obrigação. Mas, porquê a publicidade? Porquê a ânsia de protagonismo? Porquê a compulsiva atitude de se pôr em bicos de pés? Não foi Jesus que disse algo como "Mas, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita" (Mateus 6:3)?

2010-08-15

A VERDADE VEM SEMPRE...

Agora, que a poeira já assentou, já posso falar, desapaixonadamente, sobre o assunto.
Quando o processo "Freeport" foi dado por findo, José Sócrates veio a terreiro berrar que "a verdade vem sempre à tona, como o azeite". E houve muito quem aplaudisse.
José Sócrates (e quem o aplaudiu), nunca viu uma fossa séptica. Se tivesse visto, verificaria que nem só o azeite vem sempre à tona; a merda também. Pelo que a comparação peca por defeito.

2010-08-13

LUCUBRAÇÕES PROFUNDAS

Quando eu era (mais) novo, era recorrente ouvir a minha avó dizer "o dinheiro desaparece como a água". Analfabeta de nascença e por vocação, a minha avó não sabia que a água não desaparece. Foi na escola primária, ainda não havia novas oportunidades e, portanto, tive de frequentar a escola primária, que aprendi que a água não desaparece, ela muda é de lugar. Se não está aqui, estará nalgum sítio, mas não desapareceu. Vejam o que se passa na Rússia, a atravessar um período de seca sem memória, enquanto que ali perto, no Paquistão, na China e na Europa Central, a água provoca inundações. Não está na Rússia, onde faz tanta falta, está noutras paragens, onde cai em excesso.
Vem isto a propósito de uma notícia que passou na TV: a venda de casas de luxo está em alta. Isto quando a Europa se debate com uma crise sem precedentes. Então, como é? Há dinheiro, ou não há dinheiro?
A minha avó tinha razão: o dinheiro é como a água. Mas a comparação fica por aí. Porque, tal como a água, se não há dinheiro aqui, ele estará nalgum lugar. Se não está no meu bolso, está no bolso de alguém. Faz-me falta a mim, há em excesso algures.
Mas não desapareceu.
A água também não...

2010-08-03

PALÁCIO DA BREJOEIRA


Continuo a dizer que não há coisa mais bela e mais cómoda do que a preguiça.

É que ontem fomos até ao Palácio da Brejoeira, em Monção. E vocês nem imaginam a trabalheira que dava estar a escrever tudo acerca do Palácio. Vai daí, e em homenagem ao pecado, fiz "copy/paste" da "press release". Assunto resolvido. Ele aqui vai, com a devida vénia.

Também sinto o dever de informar que as fotos do filme abaixo são de autoria de Alfredo Cunha, Hugo Souto e Jorge Marçoa. Também há algumas minhas, que são fáceis de identificar: são as mais foleiras.

Quando puderem, façam um passeio até Monção e visitem o Palácio. E usufruam da beleza que é a área envolvente.

Ah: Para comer, escolham Valença ou Arcos de Valdevez, de acordo com o itinerário. Esqueçam Monção. Sobretudo, esqueçam o "7 à 7".




PALÁCIO DA BREJOEIRA



Palácio da Brejoeira abre ao público ao fim de dois séculos



Situado na freguesia de Pinheiros, concelho de Monção, classificado como Património Nacional desde 1910,

sendo propriedade privada, só agora decide abrir as suas portas a visitas, e partilhar toda a beleza e relíquias

escondidas, saciando todaacuriosidade de tantosquantospassavam do lado defora dosportões e o

admiravam.

Ex-líbris da região do Alto-Minho, é umagrandiosaconstrução em estiloneo-clássico, dos princípios do

século XIX. Casasenhorial,circundada de altosmuros, aogosto da época, comumfrondoso parque de

essências arbóreas centenárias e pouco vulgares. É um conjunto notável – Palácio, capela, bosque, jardins,

vinhas e adega antiga (onde hoje estagia a prestigiada Aguardente Velha) que seduzeencanta pela

harmonia que dele emana. Para dos seus jardins, cultivam-se com esmero 18 dos30hectares da

propriedade, com vinhadecasta Alvarinho queHermíniaPaes transformounum dosmais emblemáticos

vinhos da Sub-região de Monção.

Datada de 1806, o inicio da sua construção, a mando de um “rico morgado, fidalgo da Casa Real e cavaleiro

da Ordem de Cristo” de nome Luís Pereira Velho de Moscoso é concluída em 1834. Em 1908 e já na posse de

outro proprietário, conselheiro Pedro Maria da Fonseca Araújo, industrial e naalturaPresidente da

Associação de ComerciodoPorto, inicia obras derestauroe remodelação,edifica-se acapela palatina e o

teatro, revestem-se as paredes do átrio e escadaria de azulejos e no exterior reforma os jardins e o bosque

riquíssimo emespéciesexóticas, construindoaindaum belo lago. Em1937,Francisco de OliveiraPaes,

adquire para oferecer a sua filha e actual accionista maioritária, da Sociedade Anónima, que entretanto se

constituiu em Julho de 1999.

Palácio construídonaencantadora Quinta doValeda Rosa, actual QuintadaBrejoeira, com grandes e

luxuosos salões, imensa biblioteca, jardim de inverno, teatro, azulejos figurativos, pratas, loiças do oriente,

mobiliário de madre pérola e pau-preto, tudo aqui é palaciano e pode a partir de agora ser visitado.

Um espaço a conhecer, onde os visitantes vão poder dizer: “eu estive no Palácio da Brejoeira”!


“Não descendemos de sangue real, mas do nosso sangue descendem reis”


2010-08-02

UMA HISTÓRIA DE FICÇÃO

  1. Ambrósio e Briolanja, casaram-se. Foram morar para casa dela.
  2. Passado algum tempo, Ambrósio arranjou uma amante. Concomitantemente, começou a agredir Briolanja, com frequência.
  3. Briolanja foi aguentando, na doce ilusão de "salvar o casamento". Aliás, o padre tinha dito, na cerimónia de casamento, que era "até que a morte nos separe".
  4. Um dia, Briolanja decidiu que já chegava de tareia, e achou que a morte estava a demorar demasiado tempo. Ligou para a polícia, que levou o agressor e o apresentou em tribunal.
  5. O juiz determinou que o arguido ficasse em liberdade, a aguardar julgamento, mediante Termo de Identidade e Residência (T.I.R.). O art.º 196º do Código de Processo Penal reza assim, no seu nº. 2: "Se o arguido não dever ficar preso, do termo deve constar que àquele foi dado conhecimento da obrigação de comparecer perante a autoridade competente ou de se manter à disposição dela sempre que a lei o obrigar ou para tal for devidamente notificado, bem como da de não mudar de residência nem dela se ausentar por mais de cinco dias sem comunicar a nova residência ou o lugar onde possa ser encontrado (o sublinhado é meu).
  6. Para satisfazer as exigências do T.I.R., Ambrósio declinou a sua morada: a mesma de Briolanja, naturalmente.
  7. Briolanja teve de mudar de casa, já que não estava sujeita ao T.I.R. e não quis continuar a "apanhar".
N do A: Esta, é uma história da mais pura ficção, fruto da aliás fecunda imaginação do autor. Qualquer semelhança com o que se vai lendo nos jornais, ou seja, com a realidade, é mera coincidência.