2008-01-19

AS BONDADES RELIGIOSAS

Mão amiga fez-me chegar os vídeos que abaixo podem ser visionados. São resumos de mensagens difundidas via TV por alguns países islâmicos.
Confesso que, neste momento, e após ter visionado os vídeos, ainda não sei o que fazer: desato a rir à gargalhada, revolto-me, ou limito-me a vomitar?
O autor do blogue donde foram copiados os vídeos, pede expressamente para se fazer uma ampla divulgação dos mesmos - pelo que me sinto à vontade para os colocar no meu espaço.
E podem, os crentes das outras religiões, mesmo da católica, ensaiar um hipócrita sorriso de superioridade: não há UMA ÚNICA religião que respeite a mulher como ela, na verdade, deve ser respeitada. Se não acreditam, leiam a Bíblia. Bem lida, se faz favor.

BATER NA MULHER É INDISPENSÁVEL
(TV DO BARHEIM)





MULHERES DESOBEDIENTES MERECEM APANHAR
(TV DA SÍRIA)



A MULHER NÃO PODE RECUSAR SEXO AO MARIDO, MESMO QUE ESTEJA A COZINHAR
(TV DA ARÁBIA SAUDITA)



NÃO SE DEVE TER VERGONHA DE BATER NA MULHER
(TV DO QATAR)



COMO BATER NA MULHER
(TV DO BARHEIM)

2008-01-16

CARTA ABERTA

O Dr. João César das Neves costuma brindar os leitores do "Diário de Notícias", todas as segundas-feiras, com uma homilia. Com uma verve imparável, o Dr. César das Neves distribui a "palavra de Deus" como um padre distribui hóstias. Fiel à sua crença, o Dr. Neves considera a "palavra de Deus" como imutável - e, portanto, deve ser seguida pelos crentes. Acho bem.

Circula, na Internet, uma carta aberta que, supostamente, lhe foi dirigida. Não sei se foi ou não, mas se não foi devia ter sido. Não resisto a transcrevê-la, sempre no pressuposto de que a "palavra de Deus" é imutável e deve ser cumprida.

Se, entretanto, alguém quiser responder, pode fazê-lo neste local.


"Caro Dr. J. Sábio da Neves,

Muito obrigado por todos os seus esforços para nos educar de acordo com a Palavra de Deus. Tenho aprendido imenso com a sua coluna, e tento partilhar essa sabedoria com o máximo de pessoas possíveis. Quando alguém tenta defender a homossexualidade, simplesmente recordo-lhes que, de acordo com o Lev. 18:22, se trata de uma abominação. Fim de discussão. Contudo, como gosto de ter sempre resposta para tudo, gostaria de saber a sua opinião acerca de outras matérias:

Quando queimo um boi em sacrifício a Deus, sei que tal produz um aroma que Lhe é agradável – Lev. 1:9. O problema são os meus vizinhos. Reclamam que o cheiro os incomoda. Posso exterminá-los?

Tenho andado a pensar em vender a minha filha como escrava, tal como descrito em Êxodo 21:7. Hoje quanto acha que seja um preço justo para pedir por ela?

Bem sei que não é permitido o contacto com mulheres durante o período das impurezas menstruais. Lev. 15:19-24. A questão é, como distingui-las? Tenho perguntado, mas a maioria delas fica ofendida.

Lev. 25-44 declara que posso ser proprietário de escravos desde que sejam adquiridos em nações vizinhas. Um amigo meu diz que isto se aplica a Marroquinos, mas não a Espanhóis. Pode clarificar? Porquê que não posso ter um Espanhol?

Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no Dia do Senhor. Êxodo 35:2 considera claramente que deve ser condenado à morte. Estou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo?

Um amigo meu acha que comer amêijoas é uma abominação – Lev. 11:10, é uma abominação menor que a homossexualidade. Eu não concordo. Qual a sua opinião?

De acordo com Lev. 11:6-8, tocar na pele de um porco morto torna-nos impuros, mas se usar luvas posso jogar futebol?

O meu tio tem uma quinta. Ele viola Lev. 19:19 plantando duas colheitas diferentes no mesmo terreno, assim como a minha tia que usa roupas feitas de dois tecidos diferentes (algodão/mistura de polyester). Além disso, pragueja e blasfema imenso. Acha que é mesmo necessário reunir toda a vila para apedrejá-los? (Lev. 24:10-16). Não poderíamos resolver isto entre família fazendo uma fogueira para os queimar vivos, tal como resolvemos com os problemas de incesto? (Lev. 20:14)

Sei que tem estudado estas matérias extensamente e estou confiante que pode ajudar.
Mais uma vez obrigado por nos recordar que a Palavra de Deus é eterna e imutável.

Seu devoto fã,
A.P."

2008-01-15

CUIDADO COM AS ECONOMIZADORAS... (II)

Felizmente que ninguém encosta a cabeça aos televisores, senão bem poderiam vomitar as tripas, sem saber o porquê e verem-se cheias de dores de cabeça, também sem saberem o porquê…

Mas eu tinha estado com a cabeça a menos de um palmo daquele “gerador” de 40.000Hz …

E vai de pensar em experimentar algo mais com aquela lâmpada.

Como disponho de um detector de raios Alfa, Beta e Gama, coloquei-o ao pé durante 24 horas, mas ele não se moveu. Parece que emissão de raios-x, poderia ser posta de parte, pelo menos para a sensibilidade do instrumento que o fim de escala, só indica 150 mR, sendo R a unidade Roentgen, e é a intensidade de raios-x que uma pessoa apanha ao fazer uma radiografia ao tórax.

Nesse mesmo dia, tendo encontrado na NET, via MSN, o nosso colega CT1UT, que possui um receptor que pode receber esta frequência e até mais baixas, logo o pus ao corrente do facto e ele, de imediato, ligou o rádio e com um palmo de fio ligado à sua entrada de antena, logo verificou um sinal potentíssimo de fundo de escala aquela frequência. Como é óbvio, ficou intrigadíssimo e foi experimentar outras que já tinha em casa e até se lembrando de que sua esposa há vários dias se estava a sentir muito incomodada com imensas dores de cabeça e as já referidas tonturas, náuseas, etc.

Uns dias depois destas experiência, tive de visita uma senhora de meia idade que se estava a queixar de tremendas dores de cabeça, às tantas da noite e madrugada, com muita agonia, tonturas e vómitos e não encontrava explicação para aquilo.

Vai daí eu lhe perguntar se por acaso, ela não estaria a usar uma lâmpada de gás, por perto, ao que ela logo me confirmou e mais, dizia que ficava tão incomodada, que até chegava a voltar ao sono, mas com terríveis sonhos sem pés nem cabeça…e até dormia sem desligar a “malvada” lâmpada…

Deste facto insólito, não se vê qualquer informação a público, pelo que é muito possível que esteja a haver muita gente a ser “bombardeada” com estas ondas supersónicas e certamente que nem os médicos saberão do que se trata ainda, por serem lâmpadas que só agora se estão a tornar populares.

Na realidade, os 220V da rede, entram nelas e põem a oscilar um gerador miniatura, para que se consiga obter a alta tensão necessária à ignição das lâmpadas.

Antes de mais, há que elogiar a veia literária e a imaginação do autor. Nunca ninguém, julgo que nem mesmo Freud, que se dedicou ao assunto, conseguiu descrever, com tanta riqueza de pormenor, um simples sonho – por mais pesadelo que seja.

Vamos abreviar: uma consulta na Net, permite-nos concluir que uma lâmpada economizadora mais não é do que uma vulgar lâmpada de gás de mercúrio – tal como as igualmente vulgares lâmpadas fluorescentes. As únicas diferenças consistem em utilizar um casquilho convencional em vez da armadura de fixação, e um balastro e arrancador electrónicos embutidos na própria lâmpada.

Lâmpadas de vapor de mercúrio? Já as vi na Escola Prática de Infantaria, em Mafra, nos idos de 1964.

As lâmpadas economizadoras são fabricadas por empresas de renome e que, certamente, submetem os seus produtos a rigorosas testes.

Espanta-me que de todas as empresas que aconselham as referidas lâmpadas, incluindo as associações ambientalistas, nenhuma se tenha dado ao cuidado de medir os perigos de tais lâmpadas; e espanta-me que o autor do “estudo” não tenha enviado as suas conclusões para uma dessas entidades - talvez o Ministério da Saúde, pois se trata de um caso de saúde pública – e prefira publicá-lo da Net, correndo o risco de tão importante alerta cair, inexoravelmente, numa qualquer “junke box”.

Talvez não seja má ideia, entretanto, analisar detalhadamente a mensagem.

1) – O autor afirma que a vinda do calor, este ano o incomodou. Julgo que se refere a 2007. Vinda do calor? Em 2007? Será que o homem dorme com uma lareira no quarto? Como foi que se aguentou nos anos em que houve mesmo calor?

2 – “mas o que é certo é que acordei às duas da madrugada e sem sono nenhum, coisa que me é muito rara.

Assim, acendi novamente a luz e estive a ler uma meia hora, até que a apaguei e voltei a apanhar o fugidio sono.. “ A ver se nos entendemos: “como gosto muito de ler deitado na cama, logo após ao pequeno-almoço, ali muito confortavelmente instalado,” Gosta de ler logo após o pequeno-almoço e acordou às duas da manhã? A que horas se toma o pequeno-almoço naquela casa? Ou adormeceu após o pequeno-almoço e só acordou às duas da manhã? Se assim for, não é de estranhar.

Obviamente, estou disposto a rever a minha posição, logo que haja dados concretos e irrefutáveis de prejuízo para a saúde; para já, vou continuar a acender a minha lâmpada economizadora logo que as condições de luz o exigirem. O que faço há quase dois anos (e acho que não estou maluco nem tenho pesadelos).

Finalmente: alguém, de bom senso, compra uma lâmpada economizadora das lojas dos chineses?

CUIDADO COM AS ECONOMIZADORAS...

A Internet, já o disse e não me canso de repetir, é um mundo. Acontece que, tal como todas as outras invenções, pode ser utilizada de várias maneiras. Vamos fazer um exercício maniqueísta, e dividir esses usos em dois: ou bons e os maus (porque depois há os usos assim-assim, os nem bons-nem-maus, etc).

Dentre os bons, destaco algumas anedotas, uns filmes de partir o coco a rir, e as boas notícias. Sim, porque também vai havendo boas notícias. Dentre os maus, saliento o spam e… os boatos alarmistas.

Sabemos que o ser humano tem tendência para acreditar. Há quem acredite em bruxas, há quem acredite em deuses, nos políticos, na Justiça, no merceeiro… acredita-se porque sim. Do outro lado, estão os que sabem explorar essa tendência inata para a crendice: as bruxas, cartomantes, videntes, padres (alguns deles também acreditam, mas isso é outra conversa), políticos, merceeiros, etc. E há os “Chico-espertos, claro. E há, também quem, não tendo mais que fazer, se distraia criando boatos alarmistas. Ainda não consegui descobrir qual é o prazer, porque esses tipos são egoístas e não querem que os outros gozem como eles.

De vez em quando, ei-los que chegam à minha caixa do correio: ou é o vírus perigoso que destrói o disco rígido e que é mandado por alguém da nossa lista de endereços (só não consegui saber como é que, com um disco rígido destruído se podem mandar mensagens, mas a informática está muito avançada), ou é o Laurel Sulfato de Sódio contido em determinadas pastas dentífricas e determinados champôs que espalham o vírus do cancro (como se o cancro fosse transmitido por vírus!), ou é o desgraçadinho que está às portas da morte e precisa de um sangue raríssimo para sobreviver (pela parte que me diz respeito, a primeira dessas mensagens recebi-a há cerca de dois anos; para quem está às portas da morte, é um caso raro de sobrevivência. Ou está à espera da transfusão, para morrer com sangue novo).

Etc.

Escusado será dizer que essas mensagens têm um caminho, quando aqui aparecem: lixo!

A última diz respeito às lâmpadas economizadoras. Presumo que algum comerciante, vendo o armazém cheio de lâmpadas convencionais, vendo-se em risco de ter de as guisar com batatas (até é capaz de não ser muito mau…) decidiu-se pelo contra-ataque: comparando com as lâmpadas economizadoras, a bomba de neutrões é inofensiva e pode oferecer-se a uma criança como prenda de Natal.

Vamos à mensagem:

O aparecimento das lâmpadas economizadoras, a gás, veio a despertar-me, assim como a toda a gente, certamente, um certo entusiasmo.

No entanto, o seu preço estava tão elevado, que levou muito tempo até que viesse a comprar uma, por a ter encontrado numa loja dos Chineses, bastante mais barata…

Mas, ao contrário do que estava à espera, pelo menos esta que comprei, não me deixou em nada entusiasmado, porque a sua branco/azulada cor, não me era nada agradável à vista…e assim, foi guardada de lado, durante muito tempo.

Todos nós sabemos que as chamadas Fontes Comutadas, irradiam estas frequências, mas felizmente que estão blindadas, o que não acontece com as lâmpadas…

Mas aqui há pouco tempo, como gosto muito de ler deitado na cama, logo após ao pequeno almoço, ali muito confortavelmente instalado, desde há muitos anos que tenho sido iluminado por uma lâmpada vulgar de 25W, porque a luz chega e até sobra, porque ela está a um palmo da minha cabeça, e fixada às costas da cama, no seu alçado.

Acontece porém, que a vinda do calor, este ano, me começou a desagradar o calor desta lâmpada vulgar de filamento de tungsténio, e pensei que estaria na hora de ir experimentar a lâmpada de gás, de 8W, com aquela luz fria e assim fiz.

Ainda não sei porquê, até porque a véspera tinha sido passada exactamente da mesma forma que todos os outros dias, mas o que é certo é que acordei às duas da madrugada e sem sono nenhum, coisa que me é muito rara.

Assim, acendi novamente a luz e estive a ler uma meia hora, até que a apaguei e voltei a apanhar o fugidio sono..

Mas aqui começou o que chamei de muito insólito !

De imediato, apareceram pesadelos terríveis e extremamente confusos, tendo a sensação de que estava atacado da doença de Alzeimer, pois já nem sabia o porquê de estar ali em terras tão estranhas, com gente totalmente desconhecida, num ambiente de pobreza extrema, com muita porcaria à minha volta e sem saber quem era nem para onde queria ir…

Eu tinha a consciência de que me queria dirigir para Lisboa…quando vivo em Benavente… mas quando perguntei a umas pessoas presentes, elas me disseram que estava muito longe de Lisboa e nem transporte para lá tinha…

Passados tantos dias, ainda esses sonhos me estão presentes e sou capaz de os descrever com minúcia, coisa que não me era nada habitual.

Como, no pesadelo, ninguém me conseguia orientar, entrei numa tasca horrenda, onde me dirigi ao taberneiro, pessoa muito magra e de barba por fazer, com cara de drogado… e lhe perguntei se teria um mapa da região, para me poder orientar e ele me disse que sim, pelo que foi buscar um escadote e marinhou a um pequeno sótão cheio de lixo e de lá me trouxe uns papeis tão velhos e cheios de pó, que nada entendia…

Quando saio à porta, vejo água, muita água e perguntei o que era aquilo, ao que me disseram ser o Rio Tejo.

Bom, pensei eu, só tenho de ir por aqui abaixo a pé por entre estes barrancos e lama, até encontrar algum caminho onde pudesse pedir boleia.

Havia túneis muito escuros, por onde eu corria, mas não me levavam a sítio algum…

Finalmente, depois de muita confusão, eu ainda sabia que tinha algum dinheiro na algibeira e ao tentar ir a correr à procura de um carro que vira ao longe, acordei…

Irra, figas diabo…mas que bruto pesadelo e mais surpreendido fiquei ao olhar o relógio, pois eram 10 da manhã ! Assim, tinha estado 6 horas naquele sofrimento !

Mas que diabo me teria acontecido ?

A única coisa de diferente, em muitos anos, tinha sido o uso da lâmpada e vai de ir estudá-la.

Pego nela e levo-a para o meu pequeno “laboratório”, onde a acendo e aproximo um contador de frequência que logo dispara para cerca dos 33.943 Hz !

Como seria possível tanta potência naquela nota supersónica, que me esteve a “bombardear” o cérebro naquela meia hora ???!

Só podia ser daquilo, até porque muita gente sente náuseas, vómitos e dores de cabeça, ao estar na presença de um apito supersónico, como acontece a algumas pessoas, com o apitar dos transformadores de linhas dos televisores, que funcionam e irradiam a frequência de 15725 Hz.

(continua)

2008-01-08

RELIGIÃO E SACERDOTE

A minha avó dizia que "de génio e de louco, todos temos um pouco". O que quer dizer, pela parte que me diz respeito, quer também tenho um pouco de génio. Ora, génio que se preze tem de deixar, para a posteridade, uma teoria. Assim sucedeu com Einstein, mais a sua "teoria da relatividade", com Charles Darwin mai-la sua "teoria da evolução", etc. Pela parte que me diz respeito, fico-me pela "teoria da religião" e desde já asseguro que se trata de uma teoria inovadora. Se alguém, antes de mim, desenvolveu esta teoria, é plágio vergonhoso; porque há muitos anos que trago esta teoria na cabeça, mas só agora posso dá-la a conhecer "urbi et orbi". Falta de tempo, pois claro; mas a ideia, essa, já cá está há mais de muitos anos.
Adiante.

Desde sempre o Homem (leia-se a Humanidade; escrevo Homem para poupar espaço, não tem a ver com machismos exacerbados. “Homem tem menos letras que “humanidade” ou “mulher”) se perguntou e perguntou aos outros Homens: "Afinal, o que apareceu primeiro: a religião, ou o sacerdote?", a fazer lembrar, vagamente, aquela pindérica adivinha da galinha e do ovo, que ainda hoje não se sabe quem apareceu primeiro. Adiante.
Voltando trás, que é o que interessa, ainda hoje não se sabe, ao certo, se foi o sacerdote que inventou a religião, ou se foi a religião que criou a necessidade de um sacerdote. Isto é: NÃO SE SABIA, porque, graças a mim, esse mistério tem os dias contados.

Recuemos uns anos. Muitos. Muitos milhares. Milhões, talvez.

O Homem, ainda na fase de Australopiteco, ia olhando à sua volta e, ao mesmo tempo, ia tomando consciência do que o rodeava. Uma árvore não era uma pedra, um mamífero não era uma ave, e por aí fora. Um dia, viu o Fogo. E imediatamente esse fenómeno ígneo exerceu, sobre o Homem, um fascínio incontrolável. Que ainda hoje exerce, diga-se de passagem, basta ver os pirómanos que todos os anos por aí proliferam. É que dos quatro elementos da Vida – Terra, Ar, Água e Fogo – o Fogo é, certamente, o mais fascinante. Por exemplo: a água pode-se transportar de um lado para o outro, basta ser o recipiente adequado; a terra, então, é facílima, às pazadas ela vai para onde a gente quer; o ar, nem se fala. A gente pega numa garrafa de vinho, enfia-o pela goela abaixo, e imediatamente a garrafa fica cheia de ar. Milagre divino, sem dúvida! Sei de famílias que se deslocam, de propósito, à Serra da Estrela, carregados de garrafas de vinho, que esvaziam metodicamente para trazerem para casa as mesmas garrafas, mas cheias de puro ar da montanha – que respiram sofregamente sempre que os índices de poluição aumentam um pouco. Pois é. Mas… como é possível transportar o fogo? Isto é, sem a ajuda de um fósforo, de uma vela, de uma botija de gás, de um lança-chamas? Não tem hipótese! Estão a ver o fascínio, ou antes, o porquê do fascínio?

Pois bem: fascinado pelo Fogo, o Australopiteco perguntou a outro Australopiteco: “Porra, que merda é esta???” ao que o outro Australopiteco respondeu, dizendo a primeira coisa que lhe veio à cabeça: “É o fogo, pá!” O Australopiteco ignorante, como não tivesse argumentos para contradizer o respondente, aceitou sem discussão: “Se tu o dizes, é porque é verdade.

Fenómeno dos fenómenos, acabamos de assistir ao nascimento de duas espécies que ainda hoje existem e que não se extinguirão facilmente: o Crente e o “Chico-esperto”, também conhecido por Chiquesperto.

Pois bem, o Crente ficou estupefacto com a resposta do Chiquesperto e passou a olhá-lo com um certo respeito. Mas a sua estupefacção não ficou por ali. Vamos ver as cenas dos próximos episódios:

Crente: - Mas, como é que tu sabes essas coisas?

Chiquesperto: - Não só sei, como tenho poder sobre o fogo.

Crente: - …poder???

Chiquesperto: - Sim, Crente. Poder. Eu posso, se quiser, fazer desaparecer este fogo. (Abro parêntesis para esclarecer que se tratava de uma fogueira minúscula, posso dizer “ridícula”).

Crente: - Calma aí, pá. Isso não é assim tão fácil. Se a gente se chegar muito para perto, isso queima. Eu não sabia o que era, pus a mão e levei com uma queimadura de segundo grau. Não estou a ver tu a destruíres isso, desculpa lá.

Sem mais uma palavra, o Chiquesperto aproximou-se da escanifrada fogueira, desapertou a braguilha ou o que fazia as vezes disso e, de costas voltadas para o crente, como se estivesse numa missa das antigas, aliviou a bexiga, apagando o mirrado lume.

Chiquesperto: - “Voilá”. Como vês, homem de pouca fé, eu sou o maior! Não sei por que duvidas (milhões de anos mais tarde, esta história viria a ser plagiada por um tal S. Tomé). E vou dizer-te mais: se quiseres ter fogo na tua caverna tens de pagar o dízimo. E quando deixares de o pagar irei a tua casa e apagarei o fogo.

Claro que a notícia se espalhou rapidamente. Havia um Australopiteco capaz de dominar o fogo. Os Australopitecos imediatamente se reuniram e decidiram que o Chiquesperto os guiaria na senda da vida. Tudo o que ele mandasse fazer, teria de ser cumprido à letra. Incluindo o pagamento do dízimo.

Estava encontrado o primeiro Sacerdote – e os primeiros crentes.

2008-01-06

AS MISSAS SALVADORAS

Desde há cerca de dois mil anos, mais coisa menos coisa, que uma sinistra entidade denominada ICAR se vem dedicando, metódica e impunemente, à lavagem cerebral de todos os que, caindo nas suas garras, delas não têm forças - ou acabam por não querer - para delas se livrar. Sem o menor retraimento, vão impingindo pombas a fecundar virgens, virgens a parir naturalmente, aparições que só alguns conseguem ver, milagres, santos às multidões - com destaque para JP2, o maior fabricante de que há memória - virgens de todas as espécies e feitios. E os cofres do Vaticano vão-se enchendo, com a graça de Deus. Só que quando tudo parece correr na paz do senhor, há-de aparecer alguém a borrar a pintura. É a chamada "areia na engrenagem". No caso concreto, são os padres abusadores de menores. Infelizmente, é uma fauna que está longe de se encontrar em vias de extinção; pelo contrário, parece que se multiplica, mais depressa que os pães da anedota. De tal modo que ainda não há muito tempo os cofres do Vaticano se viram espoliados em largas somas de dinheiro, pago em indemnizações às vítimas. E a história é de tal modo escabrosa que, há dias, o bispo de Tenerife se viu na necessidade de mandar mais um pouco de areia para os olhos (dos crentes, entenda-se), transferindo a culpa para os jovens abusados. Mas era pouco. Mesmo sendo "culpados", os jovens ainda podiam pedir chorudas indemnizações. Então, que fez o Vaticano? Determinou severos castigos para os prevaricadores? Não. Primeiro, instituiu o "Decálogo Básico Universal". Mas ainda era pouco. Vai daí, um cardeal encontrou a fórmula milagrosa: missas. Sim, é verdade. Missas pelas vítimas. Sinceramente, como não sou psicólogo não sei quais os efeitos, nas vítimas, dos abusos sexuais cometidos, ainda para mais, por aqueles que, teoricamente, têm o dever de protecção - para além de outros; não sei, mas imagino. Por isso, nunca poderei saber de que modo as missas poderão minimizar ou extinguir esses efeitos. Não poderei saber, mas posso imaginar: ZERO! Esta atitude pia e cardinalícia nem sequer me merece comentários. Fiquei de boca aberta, ainda a mantenho, e só consigo comentar com a boca fechada. Por isso, em vez de comentar, pergunto:
- Então, sempre é verdade que há padres que abusam de menores?
- Quais serão os efeitos das missas que passarão a ser rezadas?

- O que diz o bispo de Tenerife acerca do assunto? Porque, se há jovens que até provocam, eles também têm direito a missa?
- Não seria mais viável rezar missas para que a padralhada perdesse a potência sexual? Ou será que o poder de Deus não chega a tanto?
- E não se pode exterminá-los?

2008-01-04

FUMADORES, FUNDAMENTALISMOS, ETC

O meu companheiro de "bloguices (e muito querido irmão) João Moreira publicou, no seu novo blogue "Vai-me à Loja", um interessante artigo acerca da recente "lei do tabaco". De acordo com o bloguista, trata-se de um exemplo de uma pequena ditadura isto porque, no seu entender, ao comprar tabaco está a contribuir para os cofres do Estado. Logo, tem o direito de fumar onde muito bem lhe apetecer, já que, sendo fumador, não pode - nem deve! acrescento eu - ser considerado cidadão de 2ª. Como ex-comprador de cigarros que sou (julgo que, a partir de agora, poderei ser considerado ex-fumador), não pude deixar de comentar o artigo.
Por isso, depois de ler o artigo venha até aqui. Para ler o comentário que deixei, e que é:

O fundamentalismo, seja ele de que tipo for, é sempre uma atitude que enviesa o raciocínio e embota a razão. Veja-se, por exemplo, o recente discurso do Patriarca de Lisboa, que atribui ao ateísmo e à laicidade todas as desgraças do mundo. Esqueceu-se, precisamente por se encontrar com o raciocínio embotado, da Inquisição, das Cruzadas, das inúmeras “guerras santas”, dos que em nome de Allah se fazem explodir todos os dias, e daqueles milhões que morreram às mãos de um Deus insano, psicopata e odioso (ler a Bíblia), em contraposição com os ZERO mortos em nome do ateísmo, embora não possa negar que houve e continua a haver ateístas assassinos, bem como religiosos humanistas; mas os ateus já foram perseguidos por não serem religiosos, e não me recordo de algum religioso ter sido perseguido para se tornar ateu. Pois bem, para não ficarmos com a mente perturbada, como o Zé Policarpo, tentemos raciocinar com calma e lucidez.

Desde logo, a lei que recentemente entrou em vigor nem é “lei anti-tabaco” nem “lei anti-fumadores”. Se alguém lhe chamou “lei anti-tabaco” deve ter sido qualquer um jornalista possivelmente tão lúcido como o Zé Policarpo. Como dizes – e eu assino por baixo – para ser lei “anti-tabaco” era preciso que houvesse proibição desse mesmo tabaco – preparação, manipulação, fabrico de cigarros e outros produtos de tabaco, etc.; mas, para ser lei “anti-fumadores”, tinham estes de ser impedidos de fumar – o que não é minimamente verdade. Trata-se, então, de uma lei “pró não-fumadores”, o que é diferente.

Desde que o homem começou noção dos seus direitos que logo estes começaram a conflituar com os direitos dos restantes. Sempre foi assim, e sempre assim há-de ser. Não é do meu tempo, mas deve ter havido uma época em que os homens andavam com as “pendurezas” à mostra. E tudo corria bem, até que, por inveja ou complexo de inferioridade, alguém entendeu que não tinha obrigação de ser constantemente confrontado com as “pendurezas” alheias. Daí até ao corte do direito que todos tinham de exibir os seus atributos, foi um passo de pardal. Claro que, na altura, os jornais nem uma linha publicaram acerca do assunto – e não foi por causa da censura: foi porque não havia jornais.

No fundo, é disso que se trata: os fumadores têm todo o direito de fumar, as vezes que lhes apetecer, as quantidades que lhes apetecer; mas os não fumadores têm o direito de não levar com o fumo do tabaco nas trombas. E é isto, apenas isto, que a lei protege – ou quer proteger.

Há anos, circulava pelas repartições públicas um panfleto engraçado. Dizia, mais ou menos, isto: “Você gosta de fumar, eu gosto de beber cerveja; o resíduo do seu prazer, ao fumar, é o fumo; o resíduo do meu prazer em beber cerveja, é a urina. Você deita o seu fumo para cima de mim; gostava que eu lhe mijasse para cima?”

Já agora: alguém se está a preocupar com outros importantes direitos que estão a ser retirados? Refiro-me, só, e por exemplo, ao constitucionalmente estabelecido direito à saúde.