2007-12-28

HÁ DIAS ASSIM...

Foi hoje. Entrei na farmácia, e a empregada congratulou-se (e eu até sei que estava a ser sincera) pelo meu estado de saúde. O visível, entenda-se.
Já conheço a empregada há uns anos... Simpática, afável, tem sempre uma palavra amiga. Mas hoje desiludiu-me, a sério. Então não é que a senhora afirmou a pés juntos que me encontro melhor, "graças à nossa senhora" - seja lá isso o que for.
Em primeiro lugar é preciso muito cuidado quando se fazem determinadas afirmações. É assim que nascem os boatos. Ela não pode afirmar que foi a "nossa senhora", pois tanto podia ter sido ela como outra santa ou santo qualquer - que o João Paulo 2 acrescentou uma caterva de santos aos que já existiam, e eles são mais que muitos. Depois, eu sei de fonte segura que, se me encontro melhor isso é graças aos médicos, enfermeiras e, sobretudo, às doses cavalares de quimioterapia e radioterapia. Além disso, parece ser pertinente perguntar: Onde estava a tal "nossa senhora" quando a doença se declarou? Na marmelada com o espírito santo?
Claro que também sei que se o tratamento não tivesse dado o resultado pretendido a culpa seria, fatalmente, dos médicos, "que não percebem a ponta-de-um-corno daquilo que andam a fazer"; mas como, aparentemente, tudo correu bem... foi a "nossa senhora". E "isto" trabalha numa farmácia, onde lida com tudo o que é ciência e/ou produto dela.
Agora a sério, estou com um certo medo. Imaginem só esta cena: eu entro na farmácia para comprar aspirinas. A empregada atende-me, e recomenda: "Tomas uma a cada refeição; se, ao fim de uma semana, a gripe não tiver passado, rezas dois padre-nossos e cinco avé-marias..."

Um comentário:

Anônimo disse...

Se eu fosse patrão da gaja, já a tinha posto no olho da rua. Então, anda um tipo a vender medicamentos para curar doenças, e é a própria empregada que vem dizer que é a nossa senhora que cura???? Isso é concorrência desleal.