Ecelentíssimo Senhor Menistro:

Num sei se salembra de mim. Mas eu sou um gajo famoso, que até apareci num livro chamado "O Retrato de Judite". Eu tenho uma historia de crime munto grande, e estava a comprir pena. Inda me faltavam uns anecos pra
sair, e parece que ouve uma alteraçom ao código penal, ou lá o que é, e os guardilhas puserame na rua. Os gêpês, num sei se está a ver. Quando o juiz acabou de ler a sentença eu até estava a dormir. Adormeci quando ele ainda ia no 52º crime, e só acordei quando os gêpês me levaram para a ramona. E então eu estava feliz da vida na cana, quer dizer na prisa, quando me puzeram na rua. E isso é um problema para mim, porque queria voltar ao crime e num posso. E num posso por causa da concorrencia, que é muita porque muitos gajos foram, quer dizer, vieram para a rua como eu. E anda toda a gente a gamar e a fazer carros e bancos e cardenhos, quer dizer, casas, e eu, népias.
Senhor ministro, isto anda mau até para um honesto gatuno como eu. Veija lá que ainda á dias roubaram cento e trinta bicos, quer dizer, euros de uma bomba de gazoza! Quer dizer, nem a gamar um gajo se governa. Eu já tentei uns assaltos, mas haviam sempre gajos que tinham chegado antes de mim. Se isto continua, sr. menistro, o crime ainda acaba por acabar. E se acabar o crime, quem vai dar trabalho aos polícias, e aos juizes, e aos gêpês e a essa gente toda? Sim, como é que vai ser? E o sr menistro lá terá que arranjar emprego.
Senhor menistro, faça alguma coisa a bem da criminalidade. Olhe que anda muita gente a roubar, e acaba por não chegar para todos. Depois, quando já não houver nada para roubar, como é que vamos fazer, com este desemprego?
Acho que o melhor é voltar a pôr uns gajos na prisa, para eliminar o ecesso de concorrencia.
Pode comessar pelos colarinhos brancos, que eu num me importo. Até podem ser autarcas e tudo.
Um seu criado,
Ourinas.
Um comentário:
De facto, os júizes apenas cumprem o que os políticos lhes mandam...
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