2012-02-21

Nós, os burros...

O Governo, nas pessoas dos seus ministros e do presidente do conselho respectivo, acha que todos os outros - os que não são do governo - são burros. Para além de achar, agem como tal. E vão dando palha ao pessoal.
Assim: o país precisa de produzir. E nós, que até nem sabíamos... Somos burros, claro. E como o país precisa de produzir, vá de cortar feriados. Não se aumenta a produtividade, aumenta-se a produção. É quase a mesma coisa.  Adiante.
Está aí o Carnaval. E logo numa altura em que a "troica", provavelmente a mando do duo Merkozy, vem fiscalizar as contas. Ora, não parece bonito a "troica" vir cá e encontrar o povo na rua a desbundar; à boa maneira portuguesa, e como sempre acontece quando um ministro vai visitar um departamento "de surpresa", arruma-se o lixo para debaixo do tapete: Não há Carnaval para ninguém! Toda a gente a produzir, que é para os da "troica" nos arranjarem mais uns troicos - perdão, trocos.
Mas o senhor presidente do conselho esqueceu-se. Esqueceu-se de uma coisa chamada "contrato colectivo de trabalho". Se calhar, até rezou para que viesse um incêndio e destruísse todos os contratos colectivos de trabalho, para não haver testemunhas. É que os contratos colectivos de trabalho, pelo menos a esmagadora maioria deles, considera o Carnaval como... feriado. Não um feriado de faz-de-conta, mas um feriado a sério. Esqueceu-se, também, que há várias espécies de funcionários públicos. E que dessas espécies, só uma minoria está directamente submetida aos ditames ministeriais. E que, destes, muitos foram os que tiveram direito a tolerância "clandestina", ou seja, à revelia da tutela, em regime de "fifty-fifty. E muitos outros, meteram um dia de férias.
Resultado: o país parou. O tecido produtivo - sector primário, sector secundário, a esmagadora maioria dos serviços - parou. A maior parte das câmaras municipais deu tolerância de ponto. Hoje, quem passear pelo Porto, julga que é domingo. Não há comércio, à excepção de umas lojas de chineses; não há transportes; poucos cafés estão abertos. Ou seja: tudo aquilo que poderia gerar algum dinheiro, que era essa a ideia que o Governo quis passar cá para fora, e que é aquilo de que, no fim de contas, o país necessita, foi desbundar no Carnaval. Ficaram meia-dúzia de mangas-de-alpaca, a quem o Estado vai pagar subsídio de refeição, energia, água, provavelmente telefone... e que não vão fazer, rigorosamente, a ponta de um corno.
E os burros somos nós.

Este texto não foi escrito segundo as regras do novo Acordo Ortográfico.
Para que conste.

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