2012-04-08

Eleições antecipadas????

Tendo-lhe sido soprado que Portugal poderia precisar de novo auxílio externo, Francisco Louçã, de quem eu sou amigo (no Facebook), diz que se tal acontecer devíamos ir para eleições antecipadas.
Muito me espanta que o meu amigo (do Facebook, repito) tenha uma visão tão rasteira da política e, sobretudo, da economia. Ora, estando o país no estado que todos conhecemos, convocar eleições, sejam antecipadas sejam na altura própria, é um desperdício de dinheiro e, sobretudo, de tempo. Eu explico, como não podia deixar de ser.
Já todos sabemos quem vai ganhar as próximas eleições; as hipóteses não são muitas, aliás resumem-se a duas: vai ganhar um dos dois do costume. Pelo que realizar eleições é mero folclore. Aliás, tanto faz ganhar um como outro; trata-se de uma mer(d)a questão de mudança de moscas, porque tudo ficará na mesma, ou pior. A única vantagem é que quem ganhar sempre pode voltar a assaltar os bolsos dos portugueses do costume, com a desculpa de que a culpa foi do que lá tinha estado.  
Então, como se resolveria o problema da mudança de governo? Ora, de uma maneira simples, barata e, sobretudo, original: punham-se os dois chefões sentados a uma mesa com um baralho de cartas e a jogar à bisca. Quem ganhasse e, sobretudo, quem fizesse mais batota - quem quer ir para o governo tem que dar provas durante o jogo - seria o vencedor. E ao vencedor, seria dada a oportunidade não só de formar governo, como também de nomear amigos e familiares para os poleiros mais convenientes e, principalmente, mais bem remunerados - atitude que não se verifica actualmente, e que é demonstrativa de ingratidão.
Vamos, pois, acabar com o desperdício de eleições, com o seu cortejo de promessas nunca cumpridas, comícios, jantaradas, gasolina gasta, nervos, megafones, camisolas e esferográficas, etc. Um baralho de cartas é suficiente. Assim, o vencedor nunca poderia ser acusado de prometer e não cumprir: poderia sempre garantir eu não prometi nada, a consciência ficava um pouco mais limpa, podia pôr os funcionários públicos a ganhar não 14 meses de vencimento, não doze meses, mas p'raí uns dez, ou menos, que essa malta da função pública é toda uma cambada de catrogas e mexias. É bom que comece a pagar a crise.

Um comentário:

dor@ disse...

Belíssima idéia!
Pra que mudar a merda, se as moscas são as mesmas, não é mesmo?
Concordo contigo em "gênero, numero e grau."
Adorei o texto!
Tu, cada vez mais mordaz e ferino, mas sempre dizendo o absolutamente verdadeiro.
Sou sua fã,leitora...não esqueças!