2012-01-21

A(s) reforma(s) do Presidente

O presidente da República confessou aos jornalistas - e mais a quem o quis ouvir - que a reforma que vai receber, 1300,00 euros, não vai chegar para as despesas. Tanto mais que, afirmou, nada recebe como presidente.
Vamos por partes. E vamos dar de barato que o presidente se esqueceu de que teve de optar entre o vencimento como titular de um cargo público e a reforma que (já) recebe. Obviamente, escolheu a opção mais vantajosa, já que não me consta que o cidadão Cavaco Silva seja parvo. E vamos dar de barato que o presidente se esqueceu de mencionar a reforma que vai receber do Banco de Portugal (não sei se já recebe). A questão não é nenhuma das duas referidas acima. A questão é outra, e bem mais grave. Penso eu, é claro.
Independentemente da reforma que venha a receber, um dado é adquirido: o cidadão Cavaco Silva vive acima das suas posses. Ou antes, das suas futuras posses. Porque ele já sabe que quando receber a reforma ela não cobrirá as despesas. Para já, o contribuinte vai cobrindo (e de que maneira!), pelo que não haverá lugara preocupações, pelo menos até daqui a quatro anos. .
E aqui, eu interrompo para perguntar: até que ponto as três personalidades - ex- primeiro ministro, presidente da República e cidadão Aníbal Cavaco Silva - podem ser dissociadas? Aproveito para responder: não podem. Porque tal como a Santíssima Trindade, as três pessoas são uma só. São uma só pessoa que já sabe que a reforma não lhe vai chegar para as despesas. Porque faz despesas superiores à sua futura reforma.
E foi assim que o País caiu e chegou ao estado em que se encontra. Assim, já dá para perceber. Gasta-se mais do que se ganha. E o Presidente da República dá o exemplo.
Senhor presidente: não votei em si, mas vou dizer-lhe como deve fazer: faça como muitos milhares de portugueses que se aguentam com pensões de miséria: aguente-se também. Poupe. Gaste menos do que ganha. Ande a pé. Vá às consultas ao hospital público - perdão, ao privado, que é mais barato. Compre marcas brancas. Escolha o mais barato. Poupe na farmácia. Enfim, viva de acordo com as suas possibilidades.
Em último caso, a Cáritas ajuda. Mas não insulte os pobres, por favor. Nem insulte a inteligência dos portugueses.

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