2010-07-18

MIRANDA DO DOURO - NOTAS DE VIAGEM

NOTA GASTRONÓMICA

Este fim-de-semana fomos até Miranda do Douro. Embora já conhecesse a cidade, quis visitar alguns pontos interessantes nos arredores, e fazer a viagem pelas arribas do Douro. Mas esta fica para segunda nota.

Levávamos um livro, editado pelo "Expresso", que já nos deu algumas alegrias gastronómicas. O livro indicava (e continua a indicar, claro) o Restaurante da Balbina como sendo o local onde se comia uma boa posta mirandesa. Pelo que, identificado o local, ali assentámos arraiais.
Não sei porquê, fiquei com a ideia de que aquele ditado que diz que ninguém é profeta na sua terra tem o seu quê de verdade. Porque a melhor posta que comi até hoje, foi em... Mogadouro.
Adiante.
Como não podia deixar de ser, convocámos a posta mirandesa. E logo o primeiro sopapo no estômago: o empregado a perguntar se queríamos a posta bem ou mal passada. Importa-se de repetir??? Pedir uma posta mal passada é um pleonasmo com laivos de obscenidade. Perguntar se queremos a posta bem ou mal passada equivale a perguntar se queremos o gelado frio ou quente, se queremos a sericaia doce ou amarga, se queremos o vinho tinto com ou sem cor! A posta deve ser um naco alto de boa e tenra carne, temperada apenas com sal e que, antes de vir para a mesa, deve dar uma passagem ligeira pelas brasas, mas apenas o tempo suficiente para fechar os poros e, dessa forma, manter todo o suco, que se vai espalhando pelo prato a cada golpe da faca.
Claro que fizemos questão de dizer ao empregado que queríamos a posta mal passada, apesar de tudo. Mas nem assim tivemos sorte. Porque quando a posta se apresentou, não tinha passado pelas brasas; tinha dormido um sono completo, como se tivesse tomado um sedativo. Como se não bastasse, o empregado ainda teve o desplante de informar, delicadamente, que se quiséssemos a posta mais bem passada era só dizer... É preciso ter lata! Resultado: a ambicionada posta mais não era do que um bife grosso. E bem passado, que é para eu aprender.
Como desculpa, e perante a mais que justa reclamação, o empregado desculpou-se dizendo que havia pessoas que gostavam assim... E eu, o que é que tenho a ver com isso?
Felizmente, no dia seguinte encontrei onde comer uma boa posta. Ao que parece, precisamente onde ela foi inventada: na Gabriela, em Sendim.
Quanto à Balbina, fui lá duas vezes: a primeira e a última.

2 comentários:

dor@ disse...

Que posta indigesta, hein?
Quem,em sã consciência serve carne esturricada????Affff!
Que vá comer sola de sapato, ora pois!!
Fizestes bem em reclamar e mais ainda de postar a indignação.
Com certeza, jamais irei lá.
Depois conta mais desta viagem, hein?

Erika disse...

OOOh que tristeza... sei bem de que fala, pois fazem-me também essa pergunta quando vou aqui ao lado comer picanha e eu continuo a chocar-me com a ideia de comer sola de sapato à brasileira :o)
A Gabriela será sempre o melhor local para a posta, fora um outro, onde estive há 10 anos, que não consegui tornar a encontrar mas hei de saber por um amigo, que fica bem mais perto - em Mirandela. Comi lá uma posta que consegue meter a Gabriela num chinelo!!!
E quem não é para comer, não é para... viver! :-)