2009-06-19

À DRª ELISA FERREIRA

Cara doutora:

Vi, e ouvi, com religiosa atenção - aliás como é meu timbre - a declaração de que SE fosse eleita presidente (presidenta?) da Câmara Municipal do Porto iria renunciar ao tacho (perdão: aos "lugares dourados" e às "regalias") que o Parlamento Europeu confere. Ouvi, vi, reouvi e revi, porque as televisões não fazem por menos: repetem as notícias até a gente dizer "chega!". E não pude evitar:
una furtiva lagrima ne'gli occhi miei spuntò. É assim, eu emociono-me com muita facilidade... Secado que foi o pranto, detive-me a pensar: se eu fosse mal-intencionado - o que não é o caso! - era capaz de pensar que a cara doutora não quer é largar o tacho. Seja ele qual for. E ficaria contente por pertencer ao (cada vez maior) grupo de abstencionistas eleitorais deste país. Só que eu não sou mal-intencionado, e longe de mim pensar tais coisas acerca da cara doutora por quem, aliás, nutro a mais elevada estima e consideração. Mas não alinho consigo, apesar de tudo. Porque eu, portuense de gema, nado e criado na Fontinha em infância de pé-descalço e ranho no nariz, quero para meu presidente alguém que AME verdadeiramente a minha Cidade. Sabe o que é isso? Eu explico. É dizer "Eu renuncio a Bruxelas JÁ, porque quero ser presidente da Câmara Municipal do Porto". Por exemplo, é claro, que pode ser dito de outra maneira. Assim como há outras formas de mostrar o amor pela Cidade. Mas SEMPRE com este sentido. Aquele SE está a estragar tudo, doutora.
Porque para o Porto que me viu nascer (e desejo que me veja morrer) não quero nem tachistas, nem arranjistas, nem pára-quedistas.
Ou seja: Não conte com o meu voto, se faz favor.

Um comentário:

dor@ disse...

Gostei! É isto mesmo!
"senta a ripa na chulipa", amigo.
Porque aí, como aqui, essa gentalha da pólitica só quer saber é de "rapar o tacho".
Imagine se vão abrir mão de mordomias, regalias, benécias...
Nunca vão largar "as tetonas da vaca do poder", essa é a verdade.

Fazes bem de te absteres de votar.
Eu aqui não tenho esse direito...
e ainda tenho que engolir que isto aqui é uma "democracia"...
Mas tem gente que acredita...