2008-11-22

CONVERSAS DE CAFÉ (II) - O ZERO À ESQUERDA

Intervenientes (para memória futura): O "Quim Trolha", o "Manel do Pronto-a-vestir" e o "Zé Burocrata", ao deante designados, respectivamente, por "Quim", "Manel" e "ZÉ" (todos sem aspas).

Têm o hábito de se encontrar no café, onde discutem de tudo: religião, política e futebol. Não por esta ordem, necessariamente. Tal como a normalidade das conversas dos homens, depois de passarem por estes três temas, ou só por algum ou alguns, as conversas vão descambar em merda. Mas nem sempre...


Desta vez, para não variar, falava-se de futebol. Designadamente, os últimos e vergonhosos resultados do clube da cidade. O Quim estava furioso, e berrava que o treinador era um "zero à esquerda" e que, por isso, devia ser mandado trabalhar. De preferência para trolha, para ver o que custa.

O Zé, sempre atento a deslizes, perguntou:
- Porquê "à esquerda"?
- Ora - respondeu o Quim - porque o zero à esquerda não vale nada.
- E à direita? - insistiu o Zé.
- Olha! À direita, claro que vale. Por exemplo, à direita do "um" vale dez. Fazes cada pergunta... Nem parece que trabalhas na repartição.
- Pois é por trabalhar na repartição que te posso dizer que o zero tanto vale à esquerda como à direita. Isto é, ZERO! O que passa a valer mais, é o "um" que, com o zero colocado à direita, passa a valer dez. O Zero aumenta o valor do número colocado à sua esquerda mas, só por si, não vale nada. Aliás, qualquer dicionário te dirá que o zero é um "numeral cardinal; primeiro número do conjunto de inteiros não-negativos; algarismo que não designa por si só nenhum valor, mas que, no sistema posicional árabe, decuplica o valor dos algarismos que se encontram à sua esquerda". Ou seja, dizer que o treinador á um "zero à esquerda" é exactamente igual a dizer que é um "zero à direita". Para poupar palavras, o melhor mesmo é dizer que o ministro - perdão! - o treinador vale zero.

Nenhum comentário: