2009-05-30

VAMOS VOTAR?


Tenho que confessar a minha ignorância. Não só em muitos aspectos, mas também em termos de futebol. Ah! E de política também.
Sei que se aproximam umas eleições para o Parlamento Europeu. Mas não sei, ao certo, o que é que os eleitos vão fazer para Bruxelas - para além, claro, de arredondarem os magros proventos com mais uns trocados, ganhos sabe-se lá com que sacrifícios. Só quem nunca andou de avião é que não sabe os tormentos que se passam nos aeroportos. Isto, na parte reservada à "económica" que na "área VIP" deve ser bem pior.
Adiante.
O que os deputados eleitos vão fazer para Bruxelas deve ser importante. Não sei o que é, mas deve ser importante, insisto. Vai daí, eu preparei-me devidamente: comprei uma esferográfica e um bloco de apontamentos, e decidi-me a apontar o que é que os candidatos ao tacho - perdão! ao lugar no Parlamento Europeu - iriam para lá fazer que resultasse em benefício para Portugal e para a maioria dos portugueses - que a minoria está bem governada.
Afinal, gastei dinheiro para nada: os candidatos insultam-se uns aos outros, descobrem os podres uns dos outros, como se todos fossem impolutos, mas quanto a esclarecimentos... népia. Ainda não ouvi um candidato a esclarecer por que razões se DEVE votar nele; mas todos os candidatos apresentam razões para NÃO votar nos outros.
Faz-me lembrar aqueles fanáticos religiosos, a berrar que as outras religiões são falsas. Mas não explicam em que se baseiam para dizer que a sua é a verdadeira.
Que as religiões são falsas, já nós sabemos.
Até um ateu sabe...
Por isso, e com os meus pedidos de desculpa ao Senhor Presidente da República, no dia 7 vou estar a banhos, no Alentejo.
Muito longe da minha Assembleia de voto.

"A MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA"?



Quando, há anos, Portugal aderiu à então Comunidade Económica Europeia, houve, por aí, gente a berrar que íamos perder a nossa identidade. Mais tarde, o "Escudo" foi substituído pelo "Euro" e novas vozes se levantaram, a berrar que o Escudo fazia parte da nossa nacionalidade e que, deixando de haver escudos, era um pouco de Portugal que se perdia. O que não era pouco...
Nunca vi, ou ouvi, esse coro de virgens ofendidas, a reclamar dos autênticos atentados à nossa verdadeira identidade: A LÍNGUA PORTUGUESA". Pelo contrário: quem devia cuidar dela é quem mais a maltrata. Jornais, rádios, televisão, é um autêntico campeonato de analfabetos em alegre competição. Mas ainda eram poucos. Vai daí, a Câmara Municipal do Porto resolveu, também ela, dar uma ajuda. Como? Colocando, ou mandando colocar, ou permitindo a sua colocação e permanência, este cartaz, que se encontra afixado junto aos parques infantis das praias da Foz.
Com que então, "Proibido entrada"! E que tal "Proibida estacionamento?

2009-05-20

O FEITIÇO E O FEITICEIRO

Neste caso, seria "O Feitiço e a Feiticeira". Já lá vamos.
Tudo quanto é comunicação social - escrita, falada e/ou televisiva - tem vindo a massacrar o PPP (Pobre Povo Português) com a história sórdida da professora e suas actividades sexuais. Uma aula de História transformada em aula de pornografia, pelos vistos.
Bom, mas isso não interessa. O importante é que eu estou tão entusiasmado com esta cena que até já esqueci aquela, não menos sórdida, do "caso Freeport".
Bom, mas isso também não interessa.
O que interessa é que nem tudo é mau, nesta saga espinhense. O "Diário de Notícias" dá-nos conta de que a aluna pode vir a ser chamada à pedra. Porquê? Ora, por ter infringido o Regulamento Interno da Escola que diz, no seu número 20 do artigo 99.º, que não podem usar "telemóveis, headphones, MP3, IPOD e outros nas salas de aula, centro de recursos escolares/biblioteca, cantina ou outros locais onde se desenvolvam actividades lectivas". Ou seja: as provas foram recolhidas de forma ilegal. E nós sabemos -u ou devíamos saber, e se não sabemos ficamos a saber agora - que as provas recolhidas de forma ilegal não têm qualquer valor. Que o digam os investigadores do "caso Freeport" acerca do célebre vídeo. O que os ingleses pensam sobre o assunto, refiro-me ao vídeo, isso é lá com eles. Estamos em Portugal, e ainda não chegámos à Madeira - e muito menos a Inglaterra!
Ou seja: Não há prova de que a professora tenha dito o que disse. Sendo assim, a aluna pode ser julgada por difamação. Não o é, por ser menor. Mas o mesmo não se pode dizer da comunicação social, a quem não se aplica a regra da inimputabilidade em razão da idade.
Pelo que:
a) - a aluna deve ser severa e exemplarmente punida, por usar meios não admissíveis na escola.
b) - a professora DEVE ser imediatamente reintegrada, levantando-se-lhe a suspensão.
c) - a professora poderá, alegremente, voltar a dar aulas de pornografia, de preferência repetindo aquela cena de a senhora sua mãe lhe ter rompido o hímen logo à nascença, que eu não percebi muito bem (estava a pensar no "caso Freeport, vá lá saber-se porquê).
e) - a comunicação social deve pagar, à esforçada e exemplar professora, uma choruda indemnização, de modo a que a mesma não precise de se esforçar mais para ganhar honestamente a vida, que é uma coisa que custa a todos.
f) - Está TODA A GENTE proibida de ler este artigo neste blogue. O que significa que qualquer acção judicial que seja intentada por aquilo que aqui escrevo, não tem valor - já que a proibição de ler o artigo torna a sua leitura ilegal. E qualquer prova, obtida de forma ilegal, não tem qualquer valor.
Perceberam?

2009-05-18

O PRESERVATIVO PERANTE A (S) IGREJA(S)


Desculpem por meter tudo no mesmo saco; na verdade, deveria ter dito "...a Igreja e a Mesquita", mas dava um título muito grande.
Vamos ao que interessa.
O governo português decidiu (?) distribuir preservativos pelas escolas do "secundário". Não vou, aqui, opinar sobre a maldade ou bondade da decisão. Como dizem os franceses, "chacun sabe de si".
A Igreja Católica veio a terreiro dizer que não concordava. Tudo bem, e até nem sei por que razão isso é notícia: a ICAR não concorda com o preservativo, seja na escola seja na alcova. Não concorda, ponto final.
Mas hoje, a TVI deu notícia de que também a comunidade islâmica não concorda. Com os preservativos nas escolas, entenda-se. Já as Testemunhas de Jeová, parece que se estão borrifando para o assunto. Têm mais em que pensar, e eu acho bem.
Vamos a ver: eu ainda não entendi por que razão, quando este governo (no qual eu não votei, note-se, nem voto) aplica certas medidas, logo tudo quando é religião começa a berrar que nem cabras desmamadas. A comunidade islâmica, então, deu-me vontade de rir: "distribuir preservativos é abrir as portas à aproximação física..." e não consegui ouvir o resto porque as minhas gargalhadas abafaram o som da tv. O que ali vai de teias de aranha!!!
Mas será que estas almas (seja lá isso o que for) ainda não entenderam que ninguém é obrigado a aceitar o preservativo que for distribuído? Será que ainda não perceberam que só comete pecado (seja lá isso o que for) quem quer?
Ou será que estão a chegar à conclusão de que, finalmente, a juventude se está cagando para os discursos religiosos?

COM REGRAS, SE FAZ FAVOR

É possível um ser humano viver toda uma vida dominado por preconceitos. Por vezes, são os preconceitos que determinam a nossa forma de estar na vida. Com eles vivemos e, não raras vezes, agimos em função deles. E só com muito custo esses preconceitos desaparecem da nossa
existência.
Confesso: eu estava convencido de que os muçulmanos espancavam selvaticamente as respectivas esposas. E sempre vivi em função desse preconceito, olhando de soslaio os adoradores de Allah.
Hoje, tenho que me penitenciar. Os maometanos batem nas mulheres, sim senhor, mas não é de maneira selvagem. É com normas bem rígidas, tais como não comer presunto ou não beber vinho.
Aqui deixo este filme, que mão caridosa me enviou, não só para que se desfaçam preconceitos inúteis, mas também, e principalmente, para que os machos latinos de Portugal passem a dar menos trabalho aos hospitais, centros de saúde e enfermeiros em geral.
Aprendam!

2009-05-16

O ESPECTÁCULO

Neste momento, a RTP - a televisão paga por todos nós - está a emitir uma mensagem de obscurantismo a todos os títulos inadmissível. Li, em rodapé, que do programa do aniversário da inauguração do "cristo-rei" - pois é disso que se trata - fazia parte a "recepção a nossa senhora".
Ora, eu não sei, ao certo, quem é essa tal "nossa senhora"; mas suponho que se trata de uma boneca a quem, contrariando a dita "lei de Deus", se presta culto, numa imitação foleira do anacrónico politeísmo idólatra. E a RTP transmite isso!!!
Eu não sei até que ponto a Igreja tem legitimidade para, em nome de uma efeméride bacoca e medieval, inundar as ruas de Lisboa com procissões e outras manifestações de gosto mais que duvidoso; mas, como ainda acredito na boa fé dos homens, parto do princípio que foram preenchidos os eventuais requisitos legais, como se de uma manifestação pública contra a fome se tratasse. Mas não posso admitir que uma estação televisiva DO ESTADO (ou seja, nossa, paga por todos nós), dedique, através dos seus vários canais, mais de vinte e quatro horas a este triste espectáculo, digno dos piores espectáculos religiosos da Malásia.

2009-05-13

HAJA MORALIDADE!!!!

O semanário "Sol" publica, na sua folha "online", uma notícia insólita: uma escola de Pinhal Novo proibiu decotes arrojados e minissaias em tudo quanto é fêmea, sejam alunas, professoras, ou simples empregadas-de-limpeza. Ao que consta, havia abusos, inclusive por parte da fauna masculina, mas parece que as principais prevaricadoras eram AS jovens e, destaca o jornal, «Um professor sentiu-se incomodado por conseguir ver as cuequinhas de uma menina, devido à minissaia muito curta que ela vestia».
Posso dizer que compreendo o incómodo do professor. Quando eu dava palestras a jovens alunos do secundário, aconteceu-me uma situação em tudo idêntica à do embaraçado professor. Uma jovem, que se poderia classificar de "pós-adolescente", descontraiu-se o suficiente para que eu, colocado mesmo diante dela, lhe pudesse ver as cuequinhas. Não sei se fez de propósito ou se estava distraída; mas o que posso afirmar é que, felizmente, não vi as tais cuequinhas, o que me evitou um embaraço parecido com o do professor. A jovem não as trazia.

REMINISCÊNCIAS DA INFÂNCIA

Coisas há que, tendo-se passado na nossa juventude ou infância, ficam de tal modo embutidas da nossa mente que é difícil separarmo-nos delas. Por exemplo, a religião. Foi-me incutida logo à nascença, na pia de água-benta, e teve continuidade pela vida fora. Hoje, deixei de acreditar em Deus, consegui livrar-me dessa coisa da religião, mas só Deus sabe com que custo.
Quando eu era criança, havia um homem que, quase todos os dias, passava na "minha rua", na rua onde todos nós brincávamos. Esse homem era alvo da nossa curiosidade e, vá lá, perseguição, por apresentar uma característica que despertava a nossa infantil e legítima curiosidade: o homem falava sozinho. E era ver aquelas crianças, entre as quais eu me encontrava, a perseguir o "maluquinho, coitadinho", como os mais velhos se lhe referiam, tentando adivinhar para quem ou com quem o homenzinho falava. E a perseguição continuava até que, atingidos os limites territoriais estabelecidos pelo nosso conhecimento do terreno, regressávamos à brincadeira de rua, mais perto das habitações respectivas.
Claro que o tempo foi passando, eu fui crescendo e, naturalmente esse episódio, muitas vezes repetido, ficou arquivado na pasta dos assuntos esquecidos. Pelo menos, assim o pensava. Mas ontem, um acontecimento fez-me desarquivar a lembrança: cruzou-se comigo, passeava eu pela Foz, um homem a falar sozinho. E todas as minhas lembranças da infância, que eu julgava mortas, ressuscitaram, tal como Jesus - só que estas, as lembranças, demoraram mais tempo. E uma vontade irreprimível me assolou repentinamente: apeteceu-me, tal como fazia há muitos anos, ir atrás do homem, tentar descobrir o que dizia e com quem falava, tal como o "maluquinho, coitadinho", da minha infância. Mas contive-me. Hoje, ouvir uma conversa, mesmo que na rua, pode ser considerado invasão de reserva da vida privada. Além disso, o homem não ia a falar sozinho: falava para um telemóvel, através do "blue tooth". Mas que parecia, parecia.
E o homem matou a minha infância...

2009-05-08

A JÚLIA, O PODOLOGISTA E A PROMESSA


Confesso que não sou consumidor de "As Tardes da Júlia". Mas hoje, talvez porque fosse a menos chata das opções televisivas, deixei-me ficar por ali. A minha mulher diz que eu tive foi preguiça de me levantar para mudar de canal e, se calhar, tem razão.
Bom. A Júlia defrontava um podologista a propósito das caminhadas que os peregrinos fazem até Fátima, pista de aterragem de arcanjos e virgens. Os peregrinos, dizia-se, forçam os pés, não habituados a andanças daquele tamanho e, naturalmente, sofrem. E o podologista ia dando conselhos para as pessoas tirarem melhor partido dos pés.
Errado, quanto a mim. O cumprimento de uma promessa deste tipo implica, necessariamente, sacrifícios. O peregrino tem de sofrer, para que a paga da promessa tenha valor. Deus e a virgem gostam de sacrifícios, e não foi por acaso que colocaram o joelhódromo ali à volta da capela das alegadas aparições. Não tarda nada, e as pessoas, em vez de irem a Fátima a pé vão a Fátima de pé, no autocarro. Como se já não bastasse o colocarem almofadas nos joelhos, para não doerem durante o circuito. Se não doer não há sacrifício, se não houver sacrifício a promessa não se considera cumprida. É a mesma coisa que pagar uma dívida com dinheiro falso. Esta é a minha opinião, e acho que a Madre Teresa de Calcutá não diria melhor.
Se não querem sacrifícios, façam como as "tias": vão de carro, levem um bruto farnel, e façam um piquenique.

NÃO CONSIGO COMPREENDER...

Ainda vai havendo coisas que não compreendo. É certo que não me esforço muito, mas não sei se é por preguiça ou por ter a consciência de que não vale a pena e o esforço resultaria inglório.
Vejamos:
Os bancos BPP e BPN estão à beira da falência. Pelo que consegui deduzir, alguém usou mal o dinheiro dos depositantes. Mal ou bem, depende dos pontos de vista, claro. Os depositantes estão a arder, mas a preocupação é "salvar os bancos".
Acabo de ouvir que um outro banco - "Finantia", se não estou em erro e se os neurónios não me pregaram uma partida - que está atrapalhadinho, e aguarda serenamente que o Estado - ou seja, NÓS - o salve dea falência. Os depositantes, vai-se ver...
Ora, a minha incompreensão começa aqui: um banco NÃO PODE abrir falência, mas uma fábrica PODE; o Estado - ou seja, NÓS - deve ajudar o banco, mas tem a "obrigação" de se borrifar olimpicamente para os depositantes. E um depositante bancário não significa, necessariamente, depositante rico. Estes não têm problemas com falências bancárias, já que não há notícia de uma "off-shore" falir.
E eu pergunto: não seria muito maos económico e honesto que o Estado (ou seja, NÓS, apesar de tudo) devolvesse o dinheiro aos depositantes, deixasse falir os bancos, e obrigasse os administradores a mudar de tacho? De preferência dando-lhes um tacho equivalente ao Rendimento Social de Inserção?