Diz o dicionário que Teleologia é:
1. | FILOSOFIA ciência ou estudo dos fins ou da finalidade |
2. | finalidade, ação diretora que o fim exerce sobre os meios |
3. | doutrina, oposta ao mecanicismo, segundo a qual há no mundo uma finalidade que se sobrepõe à causalidade eficiente Mas como parece muito confuso, vou tentar explicar - que eu também não sou perito nestas coisas. Vamos supor - atenção, eu disse supor - que o Governo quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde (SNS). Não é verdade, mas vamos supor, que estas cousas de explicar as palavras não há nada como os exemplos, ainda que sejam absurdos, como é o caso. Então, e partindo dessa suposição meramente académica e perfeitamente absurda, o que é que o Governo faria? Ora, fechava tudo o que fosse hospitais públicos e centros de saúde, e estava o assunto resolvido. Mas as coisas não podem ser feitas assim. Primeiro, porque dava muito nas vistas e era capaz de pôr gente na rua; depois porque um governo que se presa de cuidar cos cidadãos não iria fazer uma coisa dessas. Mas há outras maneiras de resolver o problema - e esta nem lembraria ao Diabo mas, como já disse, estamos no campo dos supônhamos. Eu vou dizer o que é que faria, e só espero é que nenhum governante leia este blogue. É assim: começava por aumentar brutalmente as taxas moderadoras. O Zé Funcionário Público, ao ver tais aumentos, o que faria? Faria contas, certamente. E sendo beneficiário da ADSE, rapidamente chegaria à conclusão de que lhe ficaria mais barato ir ao privado. O SNS começava a ter muito menos gente, e os funcionários públicos só lá iriam para o doutor assinar a baixe médica, quando fosse o caso. Vendo que o SNS estava a deixar de ter clientela, o ministro da saúde podia, perfeitamente, dizer: "Ó pá, só por meia dúzia de gatos-pingados, não vale a pena estar o SNS a funcionar, que isto só dá despesa e a Troica não alinha". E prontos, aí estava uma razão de peso para encerrar o serviço. E chama-se a isto ou seja, a esta forma de proceder, Teleologia. Não sei se os meninos perceberam ou não, mas isto nem é original, faz-me lembrar aquele copianço de vender o ar em frascos. Por exemplo, há muitas repartições do Estado onde se aplica a teleologia. Por exemplo, as chefias não gramam um funcionário. Vai daí, começam por dar-lhe serviços foleiros; depois, tiram-lhe todos os serviços e ele fica sem fazer nada. Finalmente, abrem-lhe um processo por incompetência, porque está a receber o vencimento sem fazer a ponta de um corno. Aliás, foi assim que uma companhia de caminhos de ferro num país que eu conheço procedeu: primeiro, mudou os horários dos comboios de modo a não interessarem a ninguém; depois, começou a queixar-se de que as linhas davam prejuízo porque ninguém andava nos comboios. Finalmente, encerrou as linhas. E prontos, meninos. Agora vão para casa e escrevem cem vezes a palavra Teleologia. |
Um comentário:
Gostei.
Abraão
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