Vergando, vergonhosamente, a espinha à actual governação, alguma comunicação social faz todos os possíveis por lançar o odioso para cima da Função Pública. É conveniente, aliás, vergar a espinha ao Governo, não vá este começar a recusar a publicidade - dele e das empresas dele dependentes ou a ele ligadas. A gente sabe como funciona a Máfia... Por isso, tudo o que sirva para denegrir a função pública, ou dê jeito para revoltar a população por causa dos "privilégios" dos funcionários públicos, é alegremente publicitado. Se possível, com destaque, não vá o "povo trabalhador" não reparar.
Hoje, tratamos de pontes. Como se sabe, as pontes são aquelas "baldas" que os governos concedem aos malandros dos funcionários públicos, isto é, aqueles dias que se situam entre um feriado e um dia normal de descanso. Por exemplo, um feriado a uma quinta-feira ou a uma terça-feira dá "direito" a uma "balda", respectivamente, à sexta-feira ou à segunda-feira. Aliás, quando se fala em pontes a associação com funcionalismo público é inevitável.
Como não podia deixar de ser, o Jornal de Notícias, fiel à "voz do dono" fala em cinco pontes, como se de um dado adquirido se tratasse. Nas televisões, fazem-se contas aos milhares de euros que as pontes custam ao país. Em crise, como todos sabemos. Causada pelos funcionários públicos, permanentes malandros, como toda a gente sabe. Aliás, basta ler os comentários para se fazer uma ideia.
O que a comunicação social se esquece, convenientemente, de referir, é que essas pontes são, actualmente, gozadas à custa das férias dos funcionários. Se um funcionário tem direito, por exemplo, a 22 dias de férias, pode gozar esses dias quando muito bem entender. É um direito, e não um privilégio. Se faz uma ponte, fica com 21 dias de férias. E depois? Onde é que está o prejuízo para o Estado? Ou será que se quer reduzir as férias aos funcionários públicos, depois de lhes terem reduzido os miseráveis ordenados (não estou a referir-me ao pessoal dirigente, como é óbvio, nem aos gestores públicos)?
Eu só acho que um pouco de vergonha não fica mal a ninguém. Nem à comunicação social.
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