2009-07-19

A LIBERDADE DE UM ACABA...?

É costume ou, como agora se diz, recorrente, ouvir dizer que a liberdade de A acaba quando começa a liberdade de B. Confesso que nunca me debrucei, seriamente, sobre o assunto, até porque tenho um conceito de liberdade de A e B diferente do expresso pela frase-feita. Só que hoje, bem comido e melhor bebido, resolvi fazer uma análise ao assunto. Só que não sei o que vai sair daqui...
Ora, julgo entender que a frase refere o seguinte - por exemplo: eu tenho liberdade de fumar; mas essa liberdade de fumar acaba quando começa a liberdade de alguém não respirar o meu fumo. Ou, dito de outra forma, A tem a liberdade de fazer barulho, mas B tem a liberdade de não ser incomodado com o barulho de A. Portanto, para garantir a liberdade de B, o A priva-se da liberdade de fazer barulho.
Acho que é isto, mais ou menos.
Só que eu não concordo nem um bocadinho. E apetece-me colocar a situação ao contrário: a liberdade que B tem de usufruir o silêncio, acaba quando A toma a liberdade de fazer barulho. Concordam? Ou, aproveitando o primeiro exemplo: a liberdade de B respirar ar não poluído acaba quando começa a liberdade (inquestionável) de A fumar. Pode ser?
Meus caros, as liberdades não começam nem acabam: complementam-se. Só que essa complementaridade manifesta-se na educação e, principalmente, no respeito pelos outros. Porque berrar que "a tua liberdade acaba quando começa a minha" é um exercício de egoísmo bacoco e de filosofia de retrete.
Mensurar a nossa actividade social pelos hipotéticos limites à liberdade, é uma manifestação de falta de civismo.
Só.

Um comentário:

José Fernando disse...

Muito bom! Sempre achei que essa frase-feita tinha algo que não me soava bem. Descreveste-o na perfeição.

O teu afilhado mais velho.