2012-02-13

A culpa do motorista

O motorista não ia sozinho. Por acaso - perdão! por inerência de funções -  transportava consigo Mário Mendes, à data secretário geral do Sistema de Segurança interna. Superior hierárquico do motorista, portanto. E que, nessa qualidade, poderia (deveria?) ter chamado a atenção do motorista para o excesso de velocidade. Mais: devia ter-lhe dito, peremptoriamente: "Vá mais devagar!" Mas não disse. Provavelmente, mas isto já sou eu a conjecturar, ter-lhe-á dito algo como "Porra, vou chegar atrasado. Ligue a sirene, acenda o pirilampo e acelere". Mas sou eu a conjecturar, repito. Porque essa gente anda sempre atrasada. As pessoas importantes atrasam-se sempre. E se têm sirene e pirilampo, para alguma coisa há-de ser. Por exemplo, para acelerar em plena Avenida da Liberdade.
E as pessoas que não são importantes lixam-se sempre.
O motorista não é pessoa importante.
O do dr. Mário Mendes.
Porque se fosse o do dr. Miguel Relvas, era importante.
Basta olhar para o ordenado dele.
Do motorista.

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