2011-10-16

OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS, ESSES RICALHAÇOS...!


Confesso, desde já, que sou suspeito: não votei no partido do governo, logo, nada tenho a ver com a escolha deste primeiro-ministro. Não obstante, e na minha qualidade de ingénuo compulslivo, senti uma réstia de esperança, quando Pedro Passos Coelho foi escolhido para chefiar o governo.  Sabia que dias difíceis viriam, mas pensei que, pelo menos, ficávamos em boas mãos, em termos de honestidade intelectual, fartos que estávamos (os que estavam…) das mentiras do outro.
Afinal, só as moscas mudaram.
José Sócrates tinha diabolizado tudo quanto era função pública, só lhe tendo faltado dizer que os funcionários públicos eram os causadores da crise. Mas se José Sócrates dizia mata, Pedro Passos Coelho diz esfola.
Afinal, os funcionários públicos não só são responsáveis pelo buraco financeiro, e só assim se compreende que tenham sido eles os eleitos para tapar esse buraco, como também são ricalhaços. Sim, senhores: os funcionários são ricos como o caraças, que até ganham, em média, 10 a 15% mais que o sector privado.
Essas médias são conhecidas. São como a história do frango: se eu comer um, e tu não comeres nenhum comemos, em média, meio frango cada um. E é sabido onde é que Pedro Passos Coelho foi buscar essa média. É simples: um piloto da TAP é capaz de ganhar mais do que um piloto da RyanAir, por exemplo; uma chefia da CP é capaz de ter mais prebendas do que o chefe de secretaria do Barraqueiro ou da Resende; provavelmente, um administrador de um qualquer hospital privado ganhará menos do que um administrador de um hospital público ou EPE. Etecetera, que os exemplos abundam (infelizmente). Mas esses são uma minoria. São uma minoria mas, mesmo assim, suficientes para alterar toda a estatística: eles é que comem o frango... Aliás, é consabido que Portugal está entregue, em termos de tachos e gamelas, a uma minoria. E não é essa minoria que vai pagar os sucessivos buracos. Pelo contrário, o seu dever é cavar ainda mais fundo.
Adiante.
Quanto ganha um professor do público, e quanto ganha um do privado? Quanto ganha um médico do público, e quanto ganha um do privado? E um enfermeiro? E um motorista? E um escriturário? E um Assistente Operacional de Fluxos Humanos, vulgo porteiro? São estes, senhor primeiro-ministro, que fazem a função pública. Não são os outros. Porque são estes que trabalham, se esforçam, que aturam chefes com problemas domésticos, e/ou psicológicos e não têm telemóvel pago, nem gasolina grátis, nem cartão de crédito ilimitado (alguns, nem limitado), nem automóvel do Estado (pago por nós).
Um pouco de honestidade intelectual só lhe ficava bem, senhor primeiro ministro; para mentiroso, já tínhamos o outro. Então, deixava-o ficar. Já estávamos habituados.

Nenhum comentário: