2010-03-05

"Razões para ser ateu"


Com a devida vénia, transcrevo um artigo de Carlos Esperança, publicado no Diário Ateísta:

Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que deus exista, nem ele, alguma vez, fez prova de vida. Não há qualquer evidência de que exista o ser que os homens criaram à sua imagem e semelhança, onde se notam traços evidentes das tribos patriarcais que há cerca de seis mil anos o inventaram.

Há razões intelectuais para descrer de um deus de que não existe qualquer prova, apesar dos risíveis milagres que lhe atribuem para perpetuar uma crença inculcada, quase sempre na infância, e alimentada pelos constrangimentos sociais e na perpetuação dos medos como mecanismos de manutenção do poder.

São razões morais as mais fortes para que o ateísmo não se transforme numa convicção pessoal silenciosa, pois jamais alguém matou ou foi morto por duvidar do movimento de rotação da Terra ou da lei da gravidade, mas diariamente se mata e morre em nome de um deus verdadeiro que cada crente julga ser o seu. Não há lapidações, fogueiras ou decapitações para quem não acredite numa lei da física ou numa teoria da biologia mas corre perigo quem manifesta dúvidas sobre a sanidade mental dos profetas ou sobre os ensinamentos que cada religião propaga.

Não podemos conformar-nos com o ódio que os sunitas sentem pelos xiitas, os cristãos pelos judeus, os muçulmanos pelos hindus e, todos, por quem não acredita nos poderes invisíveis que controlam o universo.

Temos de ter presente que as religiões monoteístas, cheias de interditos, são herdeiras e guardiãs dos preconceitos morais de uma época mais cruel e intolerante do que hoje. Há, pois, razões morais para nos opormos à vingança, crueldade, violência, espírito misógino e homofobia que as religiões propagam e às relações de poder que desejam perpetuar, nomeadamente à subordinação a que querem submeter a mulher.

2 comentários:

K disse...

Ainda que possamos ser apenas um mero acidente biológico, temos algo de divino em nós... a capacidade de acreditar em algo BOM, que não faz parte da nossa natureza, pois somos infinitamente maus. Pena é que dessa guerra interna entre o mau que somos e o bom a que aspiramos e a culpa que daí deriva nasçam religiões e seitas que vivem de descarregar no outro aquilo que a culpa no-lo aponta... agnóstica sim, o resto ainda não... Bom fim-de-semana!

Anônimo disse...

A diferença entre o bem e o mal constitui-se como das primeiras pressões sociais da humanidade. A partir da sua apreensão, o uso contínuo e facilmente bem sucedido nas sociedades primitivas, constituiria um factor para distinguir diferenças artificiais e colocar indivíduos em destaque no funcionamento social: quem dita o que é bom e o que é mau só o consegue fazer porque a outra parte não tem bagagem intelectual para questionar, sobre algum tipo de pressões, ou simplesmente acredita em tudo o que lhe dizem. Tão fácil procurar uma possível resposta diferente do que sempre nos disseram, isto não quer dizer que as sociedades tenham de destruir tudo o que está feito, mas antes aprender como podem fazer as coisas de forma mais equilibrada.