2010-01-14

"FAÇAM ALGUMA COISA PELO HAITI"

Quando, hoje, deparei com esta capa de "O Primeiro de Janeiro" não pude deixar de ficar perplexo. De repente, e por momentos, longos, diga-se de passagem, fiquei convencido de que estava a ler o "Ecclesia" ou outro pasquim religioso. Mas não. O respeitável e centenário "O Primeiro de Janeiro" (PJ) dava à estampa uma mensagem de obscurantismo, de primitivismo e de... hipocrisia.
Quem foi responsável pela página que serve de capa ao PJ pretendia, certamente, que os voluntários da AMI, da Cruz Vermelha e de outras organizações, se lançassem de joelhos a bradar ladainhas, avé-marias e padre-nossos? Ou seria preferível que, como fizeram, lançassem mãos à obra? Diga-me, senhor jornalista, seja o senhor quem for: qual é o resultado prático de uma salvé-rainha? Rezar para quê? Vai ressuscitar os mortos? Vai sarar os feridos? Vai alojar os desalojados? Vai voltar a pôr as casas como estavam? Vai encontrar os desaparecidos? Onde estava o seu deus quando a terra tremeu? vez o senhor, que tem a obrigação de objectividade, constatou algum resultado efectivo de rezas e quejandos? Ou será que o PJ entrou numa deriva proselitista? Espera algum subsídio da ICAR para sobreviver?
Não teria sido preferível pespegar, na primeira página, com numa frase do género "PENSE NO HAITI. FAÇA ALGUMA COISA PELO HAITI"? Acha bem que um jornal com os pergaminhos de "O Primeiro de Janeiro" se dedique a medieval propaganda obscurantista?

Um comentário:

dor@ disse...

Se deus cuida de seus filhos...desta vez descuidou.F....se todos.Que mau!!!!