2009-08-21

OS GENÁRIOS (II)

De vez em quando, acontece. São coisas que acontecem. É a vida, como diria o saudoso e nunca por demais chorado António Guterres. De vez em quando, um genário é apanhado a conduzir um carro em contra-mão na auto-estrada. Nessas alturas, a comunicação social, sempre atenta, muitas vezes veneradora e quase sempre obrigada, dá voz aos intelectuais da urbe: que são genários, que deviam fazer exame de condução de cinco em cinco minutos, que é preciso ter cuidado com os velhotes porque os seus reflexos não são iguais aos de um jovem de vinte ou trinta anos, que deviam conduzir só depois de terem feito medição à tensão arterial... E eu, sexagenário, comovo-me e mal consigo disfarçar uma lágrima ao canto do olho. "Eles" gostam mesmo de nós, os velhotes...
Entretanto, salta-me a vista, depois de enxuta a lágrima traiçoeira, uma notícia no "Jornal de Notícias": Estradas Já Mataram Mais de Uma Centena de Jovens". E a notícia vai por aí fora, e eu fico pensando que, se calhar, não é a estrada que mata as pessoas, são elas que se suicidam. O que já é grave, mas o problema é de cada um. O pior é quando suicidam os outros. E pergunto: se a notícia dá conta de que essa centena engloba jovens entre os 15 e os 29 anos, o que andam a fazer os velhotes? Deixaram de conduzir? Ou estão a renovar a carta de condução, com rigorosos exames psicotécnicos?

Um comentário:

dor@ disse...

A foto do acidente é prova contundente que não adianta fazer Cristo de guia, ele não tem carteira de motorista.
Não guia nada, ô xente!!!